Os discípulos tiveram o grande privilégio de conviver com Jesus e contar com Sua presença física entre eles. Os doze receberam abraços de Jesus, foram instruídos por Ele, dividiram refeições com Ele, aprenderam a orar com Ele, foram exortados por Ele e, acima de tudo, tinham a segurança de ter o Mestre sempre por perto.
Jesus, durante seu ministério terreno, advertiu por diversas vezes que chegaria o tempo em que os discípulos não teriam mais com eles Sua presença física. Numa dessas ocasiões, Pedro se manifestou reprovando o que Jesus estava dizendo (Mt 16:21–22). Certamente, o sentimento do discípulo e dos demais era de profunda apreensão, pois não queriam nem pensar na possibilidade de não ter mais por perto seu amigo, Mestre e Senhor.
Após a morte de Jesus, há um registro bíblico que simboliza exatamente a falta que Ele fazia. Trata-se do relato sobre os caminhantes de Emaús. Dois discípulos, provavelmente daqueles que faziam parte dos 70 enviados, decidem voltar para suas casas, pois Jesus não estava mais com eles (Lc 24:13–21). Na ascensão de Jesus, relatada em Atos 1, os discípulos ficam olhando para o céu, enquanto o Mestre se eleva às alturas. O versículo 10 diz que eles ficaram com os olhos fitos no céu, como quem dissesse: “E agora, o que faremos sem Ele?”.
Já em Atos 2, encontramos o relato da festa de Pentecostes e a manifestação do Espírito Santo sobre a vida dos discípulos. É quando eles foram desafiados a tomar a primeira atitude em prol do Evangelho sem que Jesus estivesse por perto. Enquanto alguns eram tomados pelo poder do Espírito, outros questionavam a integridade dos discípulos, dizendo estarem eles embriagados (At 2:13). A legitimidade e a integridade do que Deus estava fazendo foram colocadas em questão. Alguém precisava fazer alguma coisa, pois Jesus não estava lá para defender ou orientar os discípulos. Pedro então faz uma leitura clara daquele cenário. Por isso, ele se levanta, adverte quem está questionando o que acontece ali e passa a pregar o Evangelho (At 2:14–36).
Assim como ocorreu com os discípulos, precisamos aprender a não viver na dependência de uma pessoa. Mesmo quando o líder, o pastor ou o discipulador não está por perto, as coisas precisam acontecer. A obra de Deus não pode depender da iniciativa de poucas pessoas e, por isso, cada membro do corpo tem sua responsabilidade. Além do mais, há e sempre haverá situações nas quais estaremos sozinhos e precisaremos tomar uma atitude, pois temos de fazer a diferença. Somos desafiados a ser sacerdotes uns dos outros, a cuidar e dar apoio aos mais fracos. E essa não é uma tarefa exclusiva do pastor ou dos líderes da igreja. Todo(a) aquele(a) que conhece a Jesus recebe a unção, a autoridade e o poder vindos do Espírito Santo para ser sal e luz neste mundo.
Os discípulos foram enviados a fazer outros discípulos e discípulas. Para tanto, o Senhor lhes enviou o Espírito Santo, a fim de que, mesmo sem a presença física de Jesus, eles pudessem agir como Ele próprio, pois tinham o mesmo Espírito atuando sobre suas vidas.
Do amigo e pastor,
Pr. Tiago Valentin