Uma das lições mais difíceis da vida cristã, é quando somos capazes de manter a serenidade enquanto sabemos que alguém fala mal de nós. Somos, às vezes, capazes de suportar tudo, menos a língua que se volta contra a nossa pessoa.
Saber lidar com esta situação é um sinal de maturidade e de que compreendemos que sempre teremos oposições, teremos pessoas que não gostam de nós, que vez ou outra seremos também mal compreendidos. E não é qualquer cristão que passa por essa prova com o espírito em paz.
Muitos falam por estreiteza mental, outros por presunção, outros porque têm baixa auto-estima e ao falar de alguém se sentem de alguma forma superior – é como se fosse uma compensação que dá um prazer momentâneo. E por último, falam, por uma razão muito simples: você também erra – e é muito importante admitir isso.
Não ceda à sugestão do inimigo de responder à altura, de revidar, de dar o troco, pois é justamente isso que ele quer. Pelo contrário, amontoe brasas vivas na cabeça de quem fala. Demonstre sua fé Naquele que reina, e sabe todas as coisas e que pesa o coração. Esqueça, e dê de ombros, pois se falaram é porque Deus permitiu (vontade permissiva) e o Senhor pode transformar aquilo que foi “mal dito” em “bem dito”.
Se chamaram a Jesus de glutão e beberrão, se rangiam os dentes contra Davi, se Eliseu foi zombado por ser careca, se a Paulo chamaram de louco, se Ana estava no templo orando em voz baixa e o sacerdote Eli achou que ela havia “tomado todas”, se de Timóteo reclamaram que ele era jovem demais, se os próprios irmãos de Moisés – Miriam e Arão reclamaram dele, e se os melhores amigos de Jó insistiam que tinha coisa errada em sua vida, então você está em boa companhia.
Não perca um só minuto de sono pelo que disseram de você. Em Eclesiastes diz: “Não apliques o coração a todas as palavras que se dizem” (Ecl 7.21), pois se você se deter nisso certamente estará sempre se sentindo muito mal.
Quando o rei Davi passava com sua comitiva por uma cidade, saiu um homem da família de Saul, cujo nome era Simei, amaldiçoava o rei, atirava pedras sobre ele e dizia repetidas vezes: “Fora daqui, fora, homem de sangue, homem de Belial” (2Sm 16.7). O chefe da guarda de Davi indignou-se e disse “Por que amaldiçoaria este cão morto ao rei, meu senhor? Deixa-me passar e lhe tirarei a cabeça”.
Mas Davi dá uma resposta surpreendente: “Deixai‑o; que amaldiçoe, pois o Senhor lhe permitiu. Talvez o Senhor olhará para a minha aflição e me pagará com bem a sua maldição deste dia” (2Sm 16.12).
Nos desígnios ocultos de Deus foi permitido que aquele homem, dotado de maldade em seu coração, proferisse aquelas palavras. O motivo? Deus se serve do coração dos maus para transformar a maldição intentada em bênção divina. Davi sabia disto, conhecia o seu Senhor, e deu de ombros à maldição imprecada contra ele.
Creio que devemos agir assim também. Deus se agrada em consolar e abençoar a seus filhos que tem sofrido pela maldade de outros. Só o Senhor pode transformar maldições em bênçãos. Por isso, se falarem mal de você por agir em amor, glorie-se no Senhor, pois Ele permitiu para dar-lhe consolo e para que você busque somente o louvor que vem da parte Dele..
Certa manhã um pai convidou o seu filho para um passeio no bosque. Em certo momento o pai parou e perguntou: ‑Você ouve alguma coisa?
E o filho respondeu: ‑Estou ouvindo um barulho de carroça.
-Isso mesmo, disse o pai, e uma carroça vazia.
O menino então pergunta: como você pode saber se a carroça está vazia?
Ora, o pai respondeu. É muito fácil saber que uma carroça está vazia por causa do barulho. Quanto mais vazia, maior o barulho que faz. Aprenda a lição, filho:
- Quando a pessoa fala demais, grita (no sentido de intimidar), trata o próximo com grossura, é prepotente, quer demonstrar que é dono da razão e da verdade absoluta, lembre-se da carroça vazia.
Pr. Daniel Rocha