Neste domingo, celebramos a experiência que John Wesley registrou em seu diário, no dia 24 de maio de 1738, quando ele afirmou ter sentido seu coração estranhamente aquecido, o que ele entendeu como uma manifestação emocional sinalizadora de sua comunhão com Deus. Para nós, metodistas, essa data tem servido como referência, por demonstrar que a integração entre a religiosidade individual e o desenvolvimento de ações concretas na sociedade é entendida como a proposta de Deus para a Sua Igreja.
Podemos dizer que somos o povo do coração aquecido, mas também das mãos estendidas. Wesley deu os seguintes nomes para essa equação: atos de piedade e obras de misericórdia. Os atos de piedade são, principalmente, o culto a Deus e o cultivo da piedade pessoal e comunitária; já as obras de misericórdia constituem, sobretudo, o trabalho que valoriza e realiza o indivíduo, enquanto ele colabora para a construção da nova comunidade e do reino de Deus, em amor e justiça. Assim, nossa igreja busca cumprir sua missão e cresce quando cultua a Deus no oferecimento de nós mesmos, em comunidade, na adoração, no louvor, na confissão, na afirmação da fé, na consagração e no compartilhar de nossas experiências e dons.
Por isso, o metodismo se caracteriza por sua paixão evangelística, procurando divulgar as boas novas de salvação a todas as pessoas, de tal maneira que o amor e a misericórdia de Deus, revelados em Jesus Cristo, sejam proclamados e aceitos por todos os homens e mulheres. No poder do Espírito Santo, por meio do testemunho e dos serviços prestados ao mundo por nossa igreja, em nome de Deus, o movimento metodista demonstra permanente compromisso com o bem-estar de cada pessoa não só espiritualmente, mas também nos aspectos que envolvem questões sociais.
Sabemos que tudo em excesso pode ser prejudicial e que, portanto, é preciso buscar o equilíbrio sempre. Em se tratando de igreja, essa lógica é igualmente verdadeira. Uma igreja que se preocupa unicamente consigo mesma, apenas valorizando suas expressões cúlticas e celebrativas, passará a ter uma vivência meramente contemplativa e ensimesmada; por outro lado, uma igreja voltada somente para fora, focada única e exclusivamente em questões sociais e políticas, pode vir a se tornar apenas uma “ONG piedosa”, como disse o Papa Francisco. Do mesmo modo, uma igreja que não zela nem valoriza a transcendência passa a ser uma ideologia religiosa, concorrendo ou colaborando com outras ideologias. Torna-se, com isso, cada vez mais irrelevante, pois de ideologias o mundo atual está cansado.
As igrejas cristãs e, em especial, a Igreja Metodista têm dado e podem continuar a dar uma significativa contribuição para o protestantismo em geral, mas, sobretudo, para que o anseio de Deus – que é a plenitude do Seu Reino no mundo –, possa ser concretizado.
Não vejo outro caminho para a igreja que não seja o equilíbrio. Assim, precisamos permitir que o Espírito Santo renove permanentemente nossas mentes, para que possamos experimentar a boa, perfeita e agradável vontade de Deus.
Que nossos corações sejam aquecidos pelo fogo do Espírito, que nossas mãos sejam conduzidas pelos exemplos de Cristo e que em nossas mentes a vontade de Deus habite em plenitude!
No amor de Cristo,
Pr. Tiago Valentin