Em junho de 2015, os Pequenos Grupos (PGs) completaram dois anos de funcionamento em nossa igreja e muitos são os frutos colhidos por meio desse trabalho. Mas é sempre saudável e importante lembrarmos o porquê da existência desse trabalho. Pois bem, os PGs visam o fortalecimento da vida cristã e o alcance de novas pessoas para a família de Deus e por isso funcionam como suporte para o trabalho da Igreja. Nosso objetivo final não é fazer marketing eclesiástico, mas anunciar o evangelho do Reino. Nosso intento é contribuir para o crescimento do Reino de Deus e, dessa forma, apressar a volta de Jesus.
Mas o que os PGs oferecem que os caracteriza e os torna relevantes diante das necessidades emergenciais do mundo moderno? Eles oferecem quatro elementos essenciais à vida cristã: comunhão, evangelização, integração e confraternização. Vamos abordá-los individualmente para compreendermos exatamente o que é possível acontecer num PG quando ele está sendo conduzido pelo Espírito Santo de Deus.
Hoje falaremos da comunhão. Ela é essencial à vida cristã e o diferencial da Igreja face às ofertas das instituições e agremiações sociais do mundo. Esses locais podem oferecer muita coisa que a Igreja também oferece. Mas lá não há a comunhão cristã, a comunhão no Espírito da qual só pode desfrutar aquele que é habitação do Espírito Santo (1 Co 6:19).
A raiz etimológica da palavra “comunhão” tem a ver com comunicação. Queremos comunicar nossos sentimentos e nossa crença. Essa comunicação promove interação, pois nós interagimos com os semelhantes, com aqueles que comungam da mesma fé e participam dos mesmos ideais, das mesmas crenças. A Igreja precisa viver essa comunhão intensa de quem está no mesmo barco e sabe que ele vai para um porto seguro.
Além disso, queremos chorar, sorrir, comer e orar juntos. Os crentes do primeiro século da era cristã faziam assim (At 2:42–47). E como isso era producente para eles!
Entre os judeus, a ideia de repartir a comida da mesa com alguém traduzia a mais íntima forma de estabelecimento de laços que se conhecia. O exemplo de Zaqueu é fantástico nesse sentido. Por ser um judeu “vendido” para o Império Romano, nunca seria convidado para estar à mesa na casa de um patrício. Quando ele tem o encontro com Jesus, porém, sua dignidade é resgatada, sobretudo quando Jesus lhe informa que queria fazer uma refeição com ele em sua casa (Lc 19:5). Ninguém pousa na casa de alguém sem participar de uma gostosa refeição. “Hoje me convém pousar em tua casa” era o que de melhor Zaqueu poderia ouvir em seu estado carente de aceitação e reintegração.
A comunhão ocorre no PG à medida que, por ser um grupo pequeno, o contato interpessoal fica mais direto, mais olho no olho, cara a cara, um podendo demonstrar empatia com o outro, mais do que uma simpatia fortuita e ocasional. Os PGs propiciam ao integrante a condição de membro de uma família de amigos que se interessam por sua situação como pessoa, cidadão e cristão de forma integral. O participante do PG deve sentir-se incluído, aceito, compreendido e amado assim como é.
Que o Pai nos abençoe sempre e que saibamos manter essa relação de amor com Ele. Que os nossos PGs permaneçam sendo fontes de bênçãos inesgotáveis, na medida em que oferecem da água saudável do Cristo Salvador.
Do amigo e pastor,
Pr. Tiago Valentin