A briga dos adesivos

Con­ta-se esse fato insó­li­to que acon­te­ceu em Manaus: dois veí­cu­los tra­zi­am ade­si­vos evan­gé­li­cos cola­dos nos vidros tra­sei­ros. Um deles dizia: “Nenhu­ma mal­di­ção che­ga­rá a tua casa” e o outro, “Manaus é do Senhor Jesus”. Em deter­mi­na­do momen­to, os dois qua­se coli­di­ram late­ral­men­te. O “Nenhu­ma mal­di­ção”, irri­ta­do, deu uma buzi­na­da for­te à qual o “Manaus é do Senhor Jesus” retru­cou com outra, não menos for­te nem menos longa.

Che­ga­ram a um semá­fo­ro onde foram obri­ga­dos a parar, os dois lados a lado. Nes­te ins­tan­te, o “Mal­di­ção” gri­tou algu­ma coi­sa (que não deve ter sido pro­pri­a­men­te um elo­gio) que obte­ve pron­ta res­pos­ta do “Manaus”. Que tam­bém não deve ter sido um elogio.

Pou­co depois vinha um quar­tel, pró­xi­mo a uma pra­ça, onde “Mal­di­ção” e “Manaus” segui­ram rumos dife­ren­tes, mas não sem antes tro­ca­rem ges­tos obs­ce­nos e segui­rem sua via­gem, ambos irri­ta­dos. Ter­mi­na aqui a his­tó­ria (ver­da­dei­ra).

Os dois moto­ris­tas, que devi­am ser evan­gé­li­cos, tro­ca­ram mal­di­ções mútu­as e não mos­tra­ram que as vidas deles eram do Senhor Jesus. E, para agra­var a his­tó­ria, relu­zen­tes, nos vidros tra­sei­ros, os ade­si­vos: “Nenhu­ma mal­di­ção che­ga­rá à tua casa” e “Manaus é do Senhor Jesus” depu­nham con­tra suas ati­tu­des. Quem já viu mui­tas coi­sas na vida pode não se escan­da­li­zar. Mas se algum irmão­zi­nho novo na fé vis­se, fica­ria, no míni­mo, perplexo.

Não sei se é tris­te ou ridí­cu­la, mas a his­tó­ria mos­tra algo que mui­tos de nós des­con­si­de­ra­mos: não se pro­fes­sa fé ape­nas no momen­to do cul­to. Não se pode ser cris­tão ape­nas den­tro de um pré­dio cha­ma­do igre­ja, num momen­to cha­ma­do de cul­to. É‑se cris­tão na vida, no coti­di­a­no, nas míni­mas, nas médi­as e nas máxi­mas coisas.

A his­tó­ria nos mos­tra tam­bém a com­pre­en­são equi­vo­ca­da que mui­tos têm sobre o que é ser cris­tão. Para eles, seguir a Cris­to é ques­tão de rótu­los, ade­si­vos, ges­tos, fra­ses este­re­o­ti­pa­das. Não adi­an­ta dizer “Paz do Senhor”, “Ale­lu­u­ui­i­a­a­aa” com voz tre­mi­da e fazer guer­ra no trân­si­to. Não adi­an­ta cha­mar os outros de “ama­do no Senhor” e tra­tá-los mal. A con­du­ta cris­tã deve ser exi­bi­da em todas as cir­cuns­tân­ci­as. Em casa, no tra­ba­lho, nos estu­dos e no trân­si­to. A ver­da­dei­ra vida cris­tã é a que vive­mos fora do pré­dio onde a igre­ja se reú­ne. A igre­ja mos­tra que é igre­ja quan­do tes­te­mu­nha de Jesus, com sua vida, no mundo.

A his­tó­ria pode até mes­mo pare­cer engra­ça­da. Na rea­li­da­de, é depri­men­te. O “Nenhu­ma mal­di­ção” e o “Manaus é do Senhor Jesus” são duas figu­ras ridí­cu­las. Nem deve­ri­am exis­tir em nos­sas igre­jas. Que nenhum de nós seja como eles. Cai mal “pra dedéu”, como diz o amazonense.

Pr. Daniel Rocha

Adap­ta­do pelo
Pr. Dani­el Rocha

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