Um dos maiores perigos que enfrentamos como cristãos é o bombardeio de relativismos que sofremos o tempo todo. Num único dia, são inúmeras as ideias, propostas e convites que tentam nos levar a fazer escolhas que contrariam nossos valores e nossa fé. Essa relativização se dá de maneira muito sutil, quase que imperceptível, por meio dos chamados sofismas. Trata-se de argumentos ou raciocínios concebidos com o objetivo de produzir a ilusão da verdade, os quais, embora simulem um acordo com as regras da lógica, apresentam, na realidade, uma estrutura interna inconsistente, incorreta e deliberadamente enganosa.
Um bom exemplo disso é quando alguém diz que “o importante é ser feliz, realizado, e fazer o que se quer, independentemente do que os outros pensam”. A princípio, esse discurso parece bem atraente e razoável, mas há nele um profundo sentimento de individualismo e de egoísmo, pois, se a sua felicidade pressupõe a infelicidade de outra pessoa, algo de muito errado está acontecendo. A aparência da proposta é agradável, mas sua essência é pecaminosa.
Infelizmente, também no meio evangélico identificamos essas posturas sorrateiras e traiçoeiras. Jesus já havia nos alertado a esse respeito: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores” (Mt 7:15). Sim, Jesus já previa que viriam dias em que lobos se vestiriam de cordeiros, ou seja, pessoas com más intenções, usadas pelo Diabo, se disfarçariam para trazer contenta, divisão e destruição.
O que mais vemos por aí são pessoas com muito carisma, mas pouco ou nenhum caráter. Pessoas que têm um discurso atraente, falam bonito, têm boas ideias, são simpáticas, sedutoras, carismáticas e até têm um discurso pró-Reino de Deus. Mas tudo isso não passa de máscaras para esconder suas verdadeiras intenções: a exploração das pessoas, a ganância pelo poder e o desejo incontrolável de reconhecimento e ostentação.
O apóstolo Pedro também alertou a igreja ao declarar que Deus vê o coração, e não a aparência. Portanto, carisma sem caráter não passa de uma serpente que, por não poder ser o que queria ou por não poder voltar a ser o que já foi um dia, tenta levar para o buraco tantos quantos puder. Precisamos estar alerta em relação a essas pessoas que rondam a nossa vida. Elas estão no trabalho, na faculdade e, infelizmente, podem estar na família e até dentro da igreja. Essas pessoas, com muito carisma, mas sem caráter, tentam, por meio de sofismas, relativizar nossa caminhada.
Mais uma vez, a Bíblia é que nos traz a orientação de como lidar com tais pessoas e situações. A sequência do texto de Mateus, no versículo 16, nos declara: “Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?” (Mt 7:16). O fruto evidencia a verdadeira intenção de qualquer pessoa.
As palavras do sacerdote Gamaliel também nos ajudam nessa questão: “E agora digo-vos: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará. Mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la” (At 5:38,39). O tempo é nosso maior aliado nesse processo. O tempo revela quem é quem na história – e o que é de Deus permanece.
Que o Senhor nos dê a graça de agir com as pessoas sempre com clemência, mas também nos dê astúcia para nos livrarmos de todo engano e de toda mentira que tentem nos abalar.
Do amigo e pastor,
Rev. Tiago Valentin