Diz o ditado que não devemos falar “amém” para tudo. Isso significa que não devemos concordar com tudo. Mas dizer “amém” significa apenas concordar? Definitivamente não.
“Amém” é uma palavra hebraica que indica uma afirmação ou adesão impregnada de desejo, com a qual se encerram muitas orações no judaísmo, no cristianismo e no islamismo. Pode traduzir-se em português pelas expressões “assim seja”, “verdadeiramente” etc., ainda que “amém” seja um anagrama da frase hebraica “Ani Maamim”, cuja tradução literal para a língua portuguesa é “Eu Acredito”. Com o passar do tempo, adquiriu também o significado popular de concordância de pensamento ou de expressão em relação à esperança futura: “Que assim seja!”.
Além dos significados já descritos, “amém” também vem a ser a sigla da expressão em hebraico El Melech Ne’eman (EMN), que significa “Deus é um Rei Fiel”. Ou seja, com as letras em hebraico aleph, mem e nun, correspondentes a EMN, escreve-se também a palavra “amém”.
Fica claro, portanto, que dizer “amém” vai muito além de concordar com o que está sendo dito, pois essa declaração pressupõe comprometimento. Ao dizer “amém”, eu estou declarando que concordo, que acredito no que está sendo dito ou feito, que aquilo é uma verdade para mim e para a minha vida.
Talvez seja o caso de avaliarmos o quanto temos banalizado o uso da palavra “amém” no nosso dia a dia. Estaríamos realmente falando “amém” para tudo?
Por exemplo, ao dizermos “amém” em concordância com a oração de um irmão ou irmã, estamos assumindo, junto a ele ou ela, o compromisso de viver, buscar e crer naquilo que está sendo orado. Mas, se percebermos que, de alguma forma, o que está sendo orado não é compatível com a Palavra de Deus, não devemos concordar. E, se não concordamos, não podemos dizer “amém”.
Muitas vezes, por conta do nosso ativismo, acabamos menosprezando práticas religiosas que estão carregadas de significado e de valor. A vida cristã é permeada de símbolos, ícones e práticas que reforçam, alinham e delimitam o exercício da nossa fé. A liturgia do culto, a oração do Pai Nosso, o calendário litúrgico e o símbolo da cruz, assim como o uso da palavra “amém”, são elementos que fazem parte da nossa prática de fé. Portanto, não podem ser banalizados, pois assim eles se esvaziam e deixam de ter algum significado.
Certamente, ao usarmos a expressão “amém” nem sempre temos tanta clareza do que estamos fazendo. Se tivéssemos mais cuidado, só diríamos “amém” para aquilo com que de fato concordamos, assumindo assim o compromisso de viver e testemunhar. “Amém” sinaliza a quem servimos (Deus), que é nosso dono (Rei), no qual podemos confiar (Fiel). Essa expressão sinaliza e sintetiza a nossa fé.
Não diga “amém” para tudo e, quando for dizer, saiba que o nosso Deus, que é o nosso Rei e o único que é Fiel, vai fazer com que assim seja feita a vontade d’Ele em nós e por meio de nós!
Assim seja,
Rev. Tiago Valentin