Hoje celebramos o amor de Deus por nós! E não existe prova maior desse amor do que o sacrifício do Seu próprio Filho em nosso favor. Ao celebrarmos a Santa Ceia, trazemos à nossa memória esse amor incondicional, inexplicável e incomparável.
Segundo nossa fundamentação bíblica e teológica, cremos e afirmamos que os sacramentos – batismo e Santa Ceia – são meios de graça instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo, sinais visíveis da graça invisível do Espírito Santo na vida dos crentes. A Ceia do Senhor é sinal da nossa redenção e memorial perpétuo de Sua paixão e morte. Nos elementos da Ceia, Cristo Se dá aos que são Seus, renovando a comunhão de amor da nova aliança.
A Ceia, ou Comunhão, é uma das experiências mais ricas vividas pelos cristãos. É a expressão concreta do amor de Deus e da experiência de pertencer a uma comunidade de irmãos e irmãs: a comunidade do povo de Deus.
É um momento profundamente amplo, fraterno e de comunhão. Sabemos que os seres humanos constroem muros de separação. Nossa sociedade exclui das mesas ora os pobres, ora os negros, ora as mulheres, ora as crianças. Portanto, a Santa Ceia simboliza não apenas nossa redenção em Cristo, mas também nossa reconciliação com toda a Criação, sobretudo com os nossos semelhantes.
Ceia é perdão, é salvação, é aliança, é conversão, é comunhão. Diante de tão profundo significado, o apóstolo Paulo alerta a igreja em Corinto – e esse alerta ecoa pelos séculos – de que não devemos tomar a Ceia indignamente, sob o risco de atrairmos sobre nós a responsabilidade pela morte do próprio Cristo: “Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor” (1 Co 11:27).
A Ceia não é um ato isolado da vida, muito pelo contrário. Ela deve ser norteadora e balizadora de todas as nossas condutas. Partilhar da Ceia em pecado e fingir que nada está acontecendo é um ato indigno e reprovado por Deus. Paulo também orienta que cada um deve examinar-se a si mesmo: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma deste pão e beba deste cálice” (1 Co 11:28). Ou seja, o que determina se uma pessoa deve ou não tomar a Ceia é sua própria consciência. Não cabe a ninguém dizer quem pode ou não pode partilhar da Comunhão.
Contudo, permitam-me fazer um alerta. Como dissemos, a Ceia está carregada de significados e também de efeitos, mas creio que um dos símbolos maiores da Ceia é a própria comunhão, pois a Santa Ceia não expressa somente nossa comunhão com Deus, mas, sobretudo, a comunhão entre aqueles que dela partilham. Portanto, não vejo nada tão indigno, ao tomar a Ceia, quanto partilhá-la sem estar em comunhão com um irmão ou uma irmã da igreja. Se o sacrifício de Cristo foi para nos reconciliar com o Pai, tomar a Ceia e não perdoar esse irmão ou irmã é pregar novamente o Salvador no madeiro.
Por isso, se você vai tomar a Santa Ceia hoje, mas não está em comunhão com alguém da igreja, procure essa pessoa, perdoe‑a ou peça perdão a ela, reconcilie-se com ela para que o ato de tomar a Ceia não seja apenas mera formalidade religiosa ou a triste expressão de uma hipocrisia farisaica.
Do amigo e pastor,
Rev. Tiago Valentin