Se há algo chocante é ouvir a frase que intitula esta pastoral saindo da boca de quem se diz cristão. Por isso, vale pensar: existe cristão pessimista? Na verdade, não, porque estamos tratando de duas realidades mutuamente excludentes. Ou seja, uma pessoa que se diz cristã não pode obrigatoriamente ser pessimista.
Segundo o dicionário Aurélio, “pessimismo”, no âmbito filosófico, refere-se ao “caráter das doutrinas metafísicas ou morais que afirmam a supremacia do mal sobre o bem e costumam levar à adoção de uma atitude geral de escapismo, imobilismo ou conformismo”. Portanto, se o pessimismo é a noção de que o mal é mais forte do que o bem, de que as coisas ruins superam as coisas boas, podemos concluir, com base no que sabemos e entendemos da Palavra de Deus, que a raiz do pessimismo é o diabo, pois dele provém tudo o que é mau e é ele quem deseja vencer o bem por meio da maldade.
O relato da volta dos espias (Nm 13 e 14) simboliza bem o caráter e a atitude de quem confia em Deus e de quem é pessimista. Dos doze, apenas dois, Calebe e Josué, observaram a terra que estavam por conquistar com um olhar otimista, pois confiavam na promessa de Deus e tinham fé de que conquistariam a terra prometida. Infelizmente, como a maioria dos espias tinha um sentimento pessimista diante da conquista, o povo se amedrontou e não entrou na terra. Assim como propõe a definição do Aurélio, quem é pessimista sempre quer escapar dos desafios, não tem coragem de se movimentar em direção à vontade de Deus e aceita passivamente a situação como ela é.
Vivemos em tempos de muitas crises, na política, na economia, na moral da sociedade, e essas crises invadem nossas casas, famílias e a igreja. De repente, o país é o pior lugar do mundo, a família já não presta mais e a igreja não serve para mais nada. De fato, estamos em crise. Mas a questão não é essa, e sim como olhamos para essa crise e principalmente o que faremos diante dela. Se pregamos e vivemos a fé cristã, nosso olhar tem de ser sempre, sob todas as circunstâncias, positivo. Há quem diga que essa postura é perigosa, pois aliena as pessoas, e que o mais correto é sermos realistas. Contudo, não é isso o que nos propõe a Palavra de Deus, “visto que andamos por fé e não pelo que vemos”. (II Co 5.7). A matéria-prima da nossa vida não é a realidade, mas sim a fé em um Deus que pode todas as coisas e está no controle de tudo. Confiamos n’Ele e sabemos que Ele nos sustenta.
Confiantes em Deus, podemos nos posicionar com coragem e entrar na terra prometida, pois ela nos foi destinada por Deus. Diante das crises, devemos ser os principais agentes de transformação. Ser pessimista é acreditar que o diabo é mais forte do que Deus; é negar o poder que há na cruz de Cristo. O pessimista não consegue enxergar as possibilidades de mudança e de melhoria e, por isso, fica perdido no deserto de suas angústias, sofrimento e desesperança.
Deus nos chama e nos desafia a sermos agentes de mudança no país, na família e na igreja. Nunca podemos nos esquecer de que, ao criticarmos o país, a família, e a igreja, estamos nos autocriticando, pois somos e fazemos parte dessas estruturas. Destaco a questão da igreja, pois a Bíblia reforça ainda mais a ideia de que “somos parte”. Como nos propõe o apóstolo Paulo, somos membros de um único corpo. Portanto, antes de criticar a igreja e vê-la com um olhar pessimista, pergunte-se o que você está fazendo de concreto para torná-la um lugar melhor e mais parecido com o céu? O que você tem feito para que a igreja seja de fato um sinal visível do Reino de Deus na terra?
O diabo é pessimista e quer que sejamos assim também, mas cremos que não vai dar tudo errado, pois já deu certo quando Jesus ressuscitou ao terceiro dia!
Pensado positivo e vivendo pela fé,
Pr. Tiago Valentin