É impressionante como muitas pessoas têm dificuldade em admitir a culpa quando estão erradas, talvez pelo desejo de sustentar uma suposta perfeição ou para não ter de assumir a responsabilidade pelo erro e por suas consequências naturais. Mas, como diz o ditado popular, errar é humano e, de fato, o pecado faz parte da nossa natureza humana. Aliás, o princípio bíblico que também virou ditado popular completa essa ideia: “Quem nunca pecou que atire a primeira pedra”. Portanto, não há quem não erre. O desafio para muitos é admitir o erro.
O apóstolo Tiago já alertava sua comunidade a esse respeito: “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tg 1:13–15). Ou seja, não podemos transferir para Deus nem para ninguém nossa queda. A intenção de errar já está dentro de nós e cabe somente a nós mesmos ceder ou não a ela. Observe-se que muitos estão morrendo por conta de suas próprias escolhas, ainda que não queiram ou não consigam admitir isso.
O apóstolo João nos dá uma luz na direção de um caminho de reconciliação e conserto, que é o arrependimento (admissão/confissão): “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1:9). Há perdão para todo pecado, mas com a condicional “se”: se confessarmos, se reconhecermos, se admitirmos o erro, seremos perdoados.
Uma atitude que nos entorpece e nos atrapalha nesse processo de arrependimento é a justiça própria, que nada mais é do que ficarmos nos justificando por nossos erros. Essa atitude gera um engano, pois nos habituamos a transferir nossas responsabilidades para os outros, sem nunca assumirmos nossa condição. Em outras palavras, a pessoa se acostuma a sempre estar certa, como se isso fosse possível. E, se ela sempre acha que está certa, não há do que se arrepender.
Mas há um motivo ainda mais importante para pararmos de transferir a responsabilidade para quem ou o que quer que seja: essa é a única maneira de mudarmos nosso comportamento e não mais cometermos o mesmo erro. Mudança é o grande ganho que temos quando nos arrependemos. Ao mudarmos, ao aperfeiçoarmos nossos valores, escolhas e atitudes, damos um passo a mais na direção do amadurecimento e da santificação.
Deus não procura pessoas perfeitas: “Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores” (Mc 2:17). Isso quer dizer que Deus procura apenas pessoas que sejam sinceras com elas mesmas e com Ele: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós” (1 Jo:1.8).
Do amigo e pastor,
Tiago Valentin