No início da madrugada de hoje, encerrou-se o horário brasileiro de verão. A partir desta data, em boa parte do Brasil não haverá mais sol no início da noite. A justificativa para a mudança de horário é que ela gera economia de energia elétrica. Entretanto, já há diversos estudos concluindo que atualmente o horário de verão serve não só para economizar, mas, sobretudo, para que o sistema de fornecimento elétrico não pife.
Na data em que o horário de verão começa, o dia é reduzido em 60 minutos, ficando com apenas 23 horas. Essa hora é compensada quando retornamos ao horário normal, mas imaginem se, na prática, o dia passasse mesmo a ter uma hora a menos? Nossa vida já é tão corrida e é tão difícil conciliar tantas atividades e obrigações. Como passar a ter menos tempo ainda?
E quanto às nossas relações com Deus? Com essa vida agitada e uma agenda tão apertada, ter de, em meio a tudo isso, reservar um tempo para Deus parece inviável, não é? Mas se há algo que o Pai espera de nós é que dediquemos tempo para construir um profundo relacionamento com Ele.
Imagine se você que é casado(a) mantivesse contato com sua esposa ou marido apenas no domingo à noite. Você não o(a) veria, não falaria nem teria relacionamento algum com ele ou ela a semana toda; apenas no domingo à noite você dedicaria duas horas do seu tempo à pessoa que você escolheu para compartilhar sua vida. Talvez alguém imagine que isso poderia dar certo, mas o que se constata é que, a médio ou longo prazo, um relacionamento que não é nutrido por ambas as partes tende inevitavelmente a se deteriorar e, na maioria dos casos, a se acabar.
Muitas vezes, algo parecido acontece com nosso relacionamento com Deus. Entendemos que, indo à igreja no domingo à noite, estamos dedicando tempo suficiente e investindo em nosso relacionamento com Ele. Acontece que nosso relacionamento com Deus não pode se basear numa prestação de contas semanal ou numa formalidade litúrgica para nosso desencargo de consciência. Um relacionamento saudável e verdadeiro necessita de convívio entre as partes, interação, troca e mutualidade. Isso serve tanto para nossas relações pessoais quanto para nosso relacionamento com Deus.
Ao orientar Seus discípulos sobre a oração, Jesus é taxativo: “E, quando orardes, não sereis como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam o seu galardão” (Mt 6:5). Ou seja, para Jesus, irmos de vez em quando à igreja no domingo à noite não significa que estamos nos relacionando com o Pai, pois ir ou não à igreja é um sintoma de que algo pode não estar indo bem. Quando achamos que nosso relacionamento com Deus pode se restringir às noites de domingo, ou nem a isso, é porque algo mais grave está acontecendo.
Por isso, Jesus alerta na sequência, dizendo: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente” (Mt 6:6). Isto é, nossa relação com Deus deve se dar no nosso dia a dia, estar inclusa na rotina da nossa vida, acontecer na nossa intimidade.
Cultuar a Deus é uma das formas de interação com Ele, mas, definitivamente, não é nem pode ser a única. Somos convidados a adotar uma disciplina de oração, meditação, estudo da Palavra, jejum, serviço, simplicidade e solitude para, efetivamente, termos um relacionamento com Deus que gere intimidade, cumplicidade, temor e maturidade.
Aproveite o novo horário e reprograme sua vida com Deus!
Do amigo e pastor,
Rev. Tiago Valentin