Tolerância

Talvez nun­ca tenha sido tão impor­tan­te tra­tar do tema da tole­rân­cia, ou da into­le­rân­cia, como nos dias atu­ais. Mui­tos de nós não acei­ta­mos o que pen­sa dife­ren­te, o que é dife­ren­te. Nos­sa ver­da­de, nos­sos valo­res são abso­lu­tos e tudo que se opo­nha a eles deve ser mar­gi­na­li­za­do, excluí­do e, se pos­sí­vel, ani­qui­la­do. Des­se modo, viver em soci­e­da­de tor­na-se cada vez mais impraticável.

É cer­to que a into­le­rân­cia não é algo recen­te. De tem­pos em tem­pos, ela se tor­na mais evi­den­te. Assim como foi no tem­po de Jesus. A into­le­rân­cia era dis­se­mi­na­da nas mais dife­ren­tes áre­as da vida huma­na. O pobre, o escra­vo, o jovem, a mulher, o doen­te eram excluí­dos e con­si­de­ra­dos indig­nos de viver em soci­e­da­de ou des­ta­car-se socialmente.

Jesus, por meio da revo­lu­ci­o­ná­ria pre­ga­ção do amor, colo­cou em ques­tão todos os pre­con­cei­tos e cri­té­ri­os vigen­tes na soci­e­da­de em que esta­va inse­ri­do. E, como sem­pre, Sua ação não ficou no dis­cur­so. Ele pró­prio exer­ci­tou a tole­rân­cia. Pode­mos lem­brar, por exem­plo, do Seu encon­tro com a mulher sama­ri­ta­na, da Sua ati­tu­de em rela­ção à mulher pega em adul­té­rio, do Seu con­vi­te ao cobra­dor de impos­tos Levi ou da refei­ção que fez com os peca­do­res. Mas a mai­or pro­va da tole­rân­cia de Jesus se deu com alguém mui­to pró­xi­mo a Ele, aque­le que viria a ser o Seu suces­sor na lide­ran­ça do dis­ci­pu­la­do, o após­to­lo Pedro.

Pedro não era uma pes­soa fácil de lidar. Entre outras carac­te­rís­ti­cas, ele era impul­si­vo, agres­si­vo, covar­de, tinha pou­ca fé e não con­se­guia amar pro­fun­da­men­te. Mes­mo assim, Jesus depo­si­tou sobre ele uma enor­me res­pon­sa­bi­li­da­de, a de dar pros­se­gui­men­to à Igreja.

Pedro viven­ci­ou alguns epi­só­di­os difí­ceis com Jesus. Quan­do Jesus dis­se que Sua obra cul­mi­na­ria no Seu sacri­fí­cio, Pedro suge­riu que o Mes­tre fugis­se. Naque­le ins­tan­te, o dis­cí­pu­lo se per­mi­tiu ser usa­do pelo dia­bo. Outro exem­plo foi quan­do Jesus per­mi­tiu que Pedro andas­se sobre as águas, mas ele, por fal­ta de fé, ame­dron­tou-se e come­çou a sub­mer­gir. Além dis­so, no momen­to mais dra­má­ti­co da vida de Jesus, Pedro O negou por três vezes. E o que Jesus faz dian­te dis­so tudo? Esco­lheu amar a Pedro, dar-lhe sem­pre uma nova chan­ce, tole­rar sua fraqueza.

É inte­res­san­te des­ta­car que foi exa­ta­men­te Pedro quem ques­ti­o­nou Jesus sobre quan­tas vezes deve­ria per­do­ar um ofen­sor. A res­pos­ta do Mes­tre foi que deve­mos per­do­ar quan­tas vezes for­mos desa­fi­a­dos a fazê-lo. E foi exa­ta­men­te assim que Jesus agiu em rela­ção a Pedro, per­do­an­do uma por uma de suas fal­tas. Eis aí, mais uma vez, a coe­rên­cia de Jesus.

Somos cha­ma­dos a tole­rar aque­les que são dife­ren­tes, espe­ci­al­men­te aque­les que são fra­cos. Pre­ci­sa­mos nos colo­car no lugar das pes­so­as, amá-las e aju­dá-las a ama­du­re­cer, tudo com mui­ta graça.

O após­to­lo Pau­lo, que foi con­tem­pla­do com a gra­ça e a tole­rân­cia do Senhor, enten­deu mui­to bem o quan­to era impor­tan­te olhar o outro com os olhos de amor do Pai. Em 1 Corín­ti­os 9:22 ele diz: “Fiz-me como fra­co para os fra­cos, para ganhar os fra­cos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os mei­os che­gar a sal­var alguns”.

Que o Senhor assim nos ensi­ne e nos capa­ci­te a tole­rar, amar e supor­tar aque­les a quem Ele ama e dese­ja salvar.

Pr Tiago Valentim

Do ami­go e pastor,
Pr. Tia­go Valentin

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