Nós cristãos somos muito privilegiados, pois desfrutamos do fato de termos duas famílias: a família de sangue e a família da fé. Muitas vezes, uma complementa a outra; outras vezes, uma é a mesma que a outra; e, por vezes, uma pode substituir a outra. O certo é que Deus deseja que nossa família de sangue seja também uma família de fé, na qual Deus é o Senhor e o centro de tudo.
Sabemos que ninguém escolhe a família na qual vai nascer. Todos nós, ao nascermos, somos automaticamente inseridos numa família. Nem sempre essa família é o nosso modelo ideal e tampouco o de Deus, e então podemos até declarar: “Eu não escolhi nascer nessa família. Isso é injusto!”. Mas, independentemente do modelo da nossa família, precisamos olhar para ela e entender que aquela é a família que Deus nos deu.
Dentro do princípio em que cremos, de que Deus tem um propósito para todas as coisas, se nascemos, fomos educados, vivemos e crescemos numa família estruturada ou desestruturada, Deus nos colocou nela porque tem um desejo maior, que vai além da nossa compreensão. E, sendo Deus quem escolheu nossa família, Ele o fez pensando no nosso melhor. Ou seja, nossa família é a melhor porque foi Deus quem nos levou até ela!
Não podemos nos esquecer de que Deus nos criou com a intenção de Se relacionar conosco. Isso acontece especialmente por meio das nossas relações humanas, e a família é o ambiente por excelência em que a ação de Deus deveria ser mais presenciada e constatada. Contudo, nas últimas cinco décadas, a instituição “família” vem sendo uma das mais atacadas, relativizadas e desestruturadas. Muitas pessoas não desfrutam do privilégio de ter um convívio familiar saudável, que lhes possibilitaria uma vida plena e harmoniosa. Consequentemente, a ação de Deus é muitas vezes sufocada no contexto familiar.
Por isso, entre outros motivos, Deus concebeu a igreja e a projetou para ser um espaço de plena comunhão, amor, amizade, cumplicidade e partilha. Chamamos a igreja de “família da fé”, pois nela encontramos irmãos e irmãs para nos apoiar, pais e mães para nos aconselhar, crianças para nos alegrar e idosos para serem nossos exemplos. Na igreja, choramos com os que choram e nos alegramos com os que se alegram. Muitas pessoas, não podendo desfrutar com naturalidade a ação de Deus em suas famílias sanguíneas, acabam encontrando na igreja uma família que as acolhe, pois uma das grandes virtudes da igreja é ser de fato uma família.
Que possamos desfrutar desse privilégio de termos duas famílias. Ambas são presentes de Deus que podem e devem complementar-se e se ajudar.
Que nossas famílias sanguíneas possam ter o Senhor como sua base principal, que na igreja possamos criar e zelar pelos laços de fé que nos unem e que Deus possa manifestar Sua misericórdia, graça e amor tanto na família de casa quanto na da igreja!
Do irmão na fé,
Rev. Tiago Valentin