A superficialidade é a maldição do nosso tempo. Não precisamos de pessoas mais dotadas ou inteligentes, pois já as temos; o que necessitamos é de pessoas mais profundas. Para isso, precisamos sair da nossa espiritualidade rasa e o melhor caminho são as disciplinas espirituais, que nos convidam a sair do raso para viver nas profundezas de Cristo.
Tais disciplinas são práticas espirituais que nos aproximam de Deus e nos tornam mais parecidos com Cristo: a meditação, a oração, o jejum, o estudo, a simplicidade, a solitude, a submissão e o serviço. Destas práticas, certamente a que mais promove libertação em nossa vida é a simplicidade.
A disciplina cristã da simplicidade é uma realidade interior que resulta num estilo de vida exterior. Proporciona liberdade, alegria e equilíbrio e não depende unicamente da minha ação para com Deus, mas também do meu relacionamento para com o próximo. A simplicidade nos indica que a verdadeira alegria de viver não se encontra naquilo que está fora de nós, pois só ocorre quando entregamos nossa vida plena e corajosamente ao Criador.
Simplicidade é o desapego à necessidade de ter coisas e acumular riquezas. Uma pessoa simples é aquela cujo coração não está apegado a bens materiais, porque ela entende que tudo o que tem não é dela, e sim do Senhor. Foi Ele quem lhe concedeu tudo o que ela possui, para que ela seja diligente e sábia na administração e na partilha do que tem.
O livro de Levítico menciona o Ano do Jubileu, que visava prover uma distribuição regular da riqueza. Como a terra pertencia a Deus, não poderia ser possuída perpetuamente por um só dono; assim, no Ano do Jubileu, toda a terra voltava ao seu possuidor original, que a havia dado anteriormente a alguém (Lv 25:8–34 e 35–38).
Jesus também declarou guerra ao materialismo do seu tempo. O termo aramaico para riqueza era “mamom” e Jesus condenou‑a como um deus rival: “Nenhum servo pode servir a dois senhores; porque, ou há de aborrecer um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a mamom” (Lc 16:13). Entendamos que Jesus não estava condenando a riqueza em si, mas o ser dominado por ela. Jesus via as garras que a riqueza pode colocar sobre uma pessoa.
Viver a disciplina da simplicidade exige a prática da simplicidade, que implica sermos gratos a Deus por tudo (1 Ts 5:18) e entendermos que tudo o que possuímos pertence, na verdade, a Deus. Implica cortarmos a ação de mamom por meio da gratuidade; ou seja, ofertarmos, darmos um pouco do muito que temos àqueles que necessitam ou a quem Deus determinar.
Por isso, nunca perca a oportunidade de compartilhar, de partilhar, de abençoar. Busque a simplicidade e você encontrará a liberdade.
Lutando para ter uma vida simples,
Pr. Tiago Valentin