Servir para salvar integralmente

Nós, meto­dis­tas, somos her­dei­ros de um dos mai­o­res avi­va­men­tos espi­ri­tu­ais da his­tó­ria da Igre­ja Cris­tã, o qual, além de uma evi­den­te ênfa­se na expe­ri­ên­cia reli­gi­o­sa e na san­ti­fi­ca­ção, trou­xe à tona a ver­ten­te do minis­té­rio pro­fé­ti­co. Ou seja, a indig­na­ção de Deus con­tra uma reli­gião de apa­rên­cia, de mui­to ritu­al, mas que não afe­ta­va a vida naci­o­nal, pro­mo­ven­do o juí­zo de Deus con­tra os opres­so­res e a jus­ti­ça de Deus aos opri­mi­dos. Pois o Deus que con­vi­da­va ao arre­pen­di­men­to e à con­ver­são (Is. 1:18) era o mes­mo Deus que cobra­va a prá­ti­ca do bem, o aten­di­men­to à jus­ti­ça e ao amor, a repre­en­são ao opres­sor, a defe­sa do direi­to do órfão, o plei­te­ar a cau­sa das viú­vas (Is. 1:17).

A nos­sa espi­ri­tu­a­li­da­de (vida cris­tã) meto­dis­ta pro­cu­ra res­sal­tar uma “fé em ação”, à luz dos seus docu­men­tos pas­to­rais: “A san­ti­fi­ca­ção do cris­tão e da Igre­ja em dire­ção à per­fei­ção cris­tã é pro­cla­ma­da pelos meto­dis­tas em ter­mos de amor a Deus e ao pró­xi­mo (Lc. 11: 25–28) e se con­cre­ti­za tan­to em atos de pie­da­de – par­ti­ci­pa­ção na Ceia do Senhor, lei­tu­ra devo­ci­o­nal da Bíblia, prá­ti­ca do jejum, par­ti­ci­pa­ção nos cul­tos etc. (At. 2:42–47) – como em atos de mise­ri­cór­dia – soli­da­ri­e­da­de ati­va jun­to aos pobres, neces­si­ta­dos e mar­gi­na­li­za­dos soci­ais (At 2.42–47). Os meto­dis­tas, como Wes­ley, cre­em que tor­nar o cris­ti­a­nis­mo uma reli­gião soli­tá­ria é, na ver­da­de, des­truí-lo (Lc. 4:16–19 e 6:20–21; Rm. 14:7–8).”

Nes­sa linha de raci­o­cí­nio, infe­liz­men­te, mui­tas igre­jas exis­ten­tes pare­cem não se pre­o­cu­par com as con­di­ções do ser huma­no, viven­do, con­se­quen­te­men­te, uma expe­ri­ên­cia mar­ca­da pela ali­e­na­ção dos pro­ble­mas soci­ais e das estru­tu­ras mar­ca­das pela vio­lên­cia e pela miséria.

Viver o tes­te­mu­nho inte­gra­dor da fé cris­tã impli­ca na pro­cla­ma­ção do “ano acei­tá­vel do Senhor” (Lc. 4:16–21).

Des­sa for­ma, que o sopro do Espí­ri­to San­to, doa­dor da vida, nos colo­que na pla­ta­for­ma mis­si­o­ná­ria (dis­ci­pu­la­do) nos ter­mos de Atos 2:1–12. Aqui, deu-se, pro­pri­a­men­te, a inau­gu­ra­ção da comu­ni­da­de cris­tã, pre­si­di­da pelo Espí­ri­to San­to, cujo sopro demo­liu o for­mar de bar­rei­ras, sacu­diu o jugo do judaís­mo e abriu-lhe novos espa­ços, a fim de que as gran­de­zas divi­nas fos­sem pro­cla­ma­das a todos os povos, em sua lin­gua­gem e em seu jei­to de viver, sem qual­quer dis­cri­mi­na­ção. O mode­lo era o Senhor Jesus Cris­to, em sua ple­ni­tu­de, cujo ser­vi­ço cor­res­pon­dia ao dese­jo sal­va­dor, recon­ci­li­a­dor e trans­for­ma­dor: ser­vir para sal­var integralmente.

Bispo_Adriel

Adri­el de Sou­za Maia,
Bis­po Emé­ri­to da Igre­ja Metodista

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