Não se assuste, mas pode haver momentos em que achamos que não precisamos de fé, embora não haja possibilidade de vivenciar a espiritualidade sem percorrer o caminho da fé. Segundo o dicionário da língua portuguesa de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, “fé” é a adesão de forma incondicional a uma hipótese que a pessoa passa a considerar como sendo uma verdade, mesmo sem nenhuma prova ou critério objetivo de verificação, pela absoluta confiança que ela deposita naquela ideia ou fonte de transmissão. A fé acompanha absoluta abstinência de dúvida; ou seja, é impossível duvidar e ter fé ao mesmo tempo.
Portanto, a fé é o sentimento, a atitude, a postura necessária para crer naquilo cuja existência não é possível comprovar. Nós cristãos escolhemos acreditar, ter fé que Deus existe e que Ele é o nosso criador, sustentador e salvador. Em última análise, tudo o que vivenciamos e desfrutamos, bem como o simples fato de estarmos vivos, ocorrem pela ação de Deus. Portanto, para nós que cremos desse modo, não existe, a princípio, nenhum momento em que não precisaríamos ter fé.
Contudo, Jesus, ao ilustrar para Seus discípulos o que era a fé, fez uso da imagem de uma semente de mostarda, que, mesmo tendo cerca de 1 milímetro de diâmetro, quando plantada, germina e resulta num grande arbusto, com mais de 1 metro de altura. Entre outras coisas, o Mestre está dizendo com isso que a fé não é algo pronto, acabado, mas que deve e precisa crescer dentro de nós. Por isso, há quem tenha muita fé e há também quem não a tenha; há quem reconheça que não existe vida sem a fé em Deus e há também quem pense que nem sempre precisamos ter fé ou atribuir a Deus a vida.
A fé direcionada a Deus gera em nós uma força motriz que nos leva a dar passos confiantes, mesmo quando as circunstâncias e cenários são duvidosos. Por exemplo, qual era a garantia de Moisés e do povo hebreu de que as colunas de água que se formaram no Mar Vermelho para que eles o atravessassem não iriam se desfazer no meio da caminhada? Sim, é isso mesmo. Não havia nenhuma prova de que tudo ia dar certo. Mas eles tiveram fé e chegaram sãos e salvos à outra margem.
Se o que nos faz caminhar são as provas, as evidências, as certezas humanas, estatísticas e conjunturais, então não precisamos de fé para caminhar, pois confiamos em nós mesmos e na nossa pretensa capacidade de controlar ou prever os cenários. Ao tomarmos uma decisão ou fazermos uma escolha quando tudo vai bem, quando tudo é favorável, estamos simplesmente confiando em nosso autocontrole e em nossa autossuficiência, desconsiderando a própria existência de Deus. Já a fé é a absoluta, total confiança de que, mesmo quando tudo pareça estar indo mal, se dermos um passo de fé, chegaremos a Canaã!
Do amigo e pastor,
Rev. Tiago Valentin