A questão que dá título a esta pastoral por diversas vezes nos vem à mente ao longo da nossa caminhada cristã. Aprendemos que, a partir do momento em que entregamos nossas vidas nas mãos de Deus, precisamos desejar e buscar fazer a vontade d’Ele e, quando a temos em nosso coração, devemos nos esforçar para atendê-la.
Partimos, portanto, de uma referência essencial para a vida cristã: saber qual é a vontade de Deus para a nossa vida. Do contrário, nossa jornada ao lado de Cristo torna-se ilegítima e incompleta.
Podemos concordar com o exposto acima e assimilá-lo, mas como saber qual é a vontade de Deus? Um texto bíblico que é chave para essa reflexão está em Provérbios 16:1: “O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor”. Ou seja, é natural e permitido que façamos planos; contudo, o melhor, o desejável, a vontade correta para nossas vidas está em Deus. Por isso, ao termos um sonho, devemos colocá-lo diante do Senhor para saber se é a Sua vontade. Iniciamos a oração que Jesus nos ensinou pedindo que seja feita a vontade de Deus no céu e na terra. Portanto, a vontade de Deus não é algo apenas celestial, mas serve para a nossa vida prática e cotidiana.
É certo que há muita ideias, planos e sonhos em nossas mentes, mas como discernir em quais deles reside o querer de Deus? Há alguns sinais transmitidos por Ele que devemos levar em consideração para entendermos Sua vontade. Uma das principais formas pelas quais Deus revela Sua vontade é a paz que sentimos ao atendê-la. Conforme Colossenses 3:15, a paz em nosso coração confirma o querer de Deus; já a ausência dessa paz nos colocaria em dúvida se estamos obedecendo à vontade de Deus.
Contudo, o texto de Jeremias 17:9 nos diz: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?”. Vimos que o que nos sinaliza a vontade de Deus é a paz em nosso coração, mas o que fazer se nosso coração nos enganar? Bem, a paz continua sendo o critério a ser seguido. Entretanto, para saber se não somos nós que estamos “produzindo” essa paz, precisamos discernir entre o que é uma “falsa paz” e a paz autêntica, vinda de Deus.
Mais uma vez, Jeremias nos ajuda a encontrar a vontade de Deus. O profeta orienta seu povo e tal orientação é muito útil também para nós: “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração. Serei achado de vós, diz o Senhor, e farei mudar a vossa sorte” (Jr 29:13–14a). Quando buscamos o Senhor com sinceridade e intensidade, nós O encontramos e Sua vontade se revela para nossa vida.
Não podemos saber o que uma pessoa deseja se não nos relacionarmos com ela. O mesmo acontece entre nós e Deus. Se queremos saber o que Ele deseja para nossas vidas, devemos buscá-Lo por meio de uma vida de oração, jejum, estudo da Palavra, comunhão e serviço. Para discernir a vontade de Deus, precisamos nos relacionar cada dia mais com Ele. “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12:1–2).
Que, ao buscarmos o Senhor, Ele mude nossa forma de pensar. Que todo engano em nossa mente e coração seja dissipado para entendermos com clareza a Sua vontade para nossa vida.
Do amigo e pastor,
Pr. Tiago Valentin