Há exatos 496 anos, Lutero iniciava um movimento para trazer a Igreja à pureza original do cristianismo, segundo as Escrituras. E hoje, como estamos?
Martinho Lutero é um dos homens sobre os quais se pode dizer que sua obra alterou profundamente a história do mundo. Não era um articulador político, muito menos um ativista social. Movia as pessoas pelo poder de uma profunda fé, resultante de sua inabalável confiança em Deus.
Lutero nasceu em 10 de novembro de 1483, em Eisleben, na Alemanha. Graduou-se como mestre em artes em 1505, começando, também nesse período, seus estudos na área de direito. Sete anos depois (1512), receberia o grau de doutor em teologia. Apesar de todo esse preparo, não foram seus conhecimentos nas áreas do direito, da teologia ou das artes que o levaram a promover profundas mudanças na Alemanha e, consequentemente, no mundo, e sim o forte sentimento de pecaminosidade e sua convicção da salvação unicamente pela Graça, mediante a fé em Jesus Cristo.
Nos dias de Lutero, o Papa Leão X, com o propósito de levantar fundos para a construção da basílica de São Pedro, a qual é, ainda hoje, um dos monumentos mais releventes de Roma, comissionou, dentre outros, o monge João Tetzel para a venda de indulgências (uma espécie de certificado de perdão dos pecados concedido pela Igreja). Lutero pregou contra isso, afirmando que somente uma reta relação pessoal com Deus poderia trazer a salvação. E, em 31 de outubro de 1517, afixou suas para sempre memoráveis Noventa e Cinco Teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg, que servia para colocar boletins da universidade em que lecionava. Com esse ato, Lutero deu origem ao maior movimento na igreja cristã, que havia se distanciado das Escrituras e introduzido doutrinas e práticas estranhas.
Considerando que a Reforma Protestante foi um movimento que visou trazer a Igreja à pureza original do cristianismo, segundo as Escrituras, e olhando hoje o cenário mundial e, em especial, o brasileiro, constatamos que as igrejas evangélicas precisam urgentemente de uma nova reforma.
O corpo de Cristo enfrenta um momento de extrema confusão, perda de identidade e distanciamento de seus fundamentos. As verdades essenciais do evangelho estão ausentes de muitos púlpitos. As igrejas têm crescido em número, mas diminuído em testemunho; têm aumentado seu poder econômico, mas diminuído seu poder espiritual. Têm gente, têm dinheiro, têm tecnologia, mas não conseguem evangelizar o mundo.
Aos poucos, as igrejas passaram a ser medidas, na maioria das vezes, pela quantidade de membros que possuem e pelo valor que arrecadam, e não mais por sua fidelidade ao Senhor Jesus ou pela capacidade de seus membros de levar outros a Cristo. Prosperidade passou na ser evidência da benção de Deus, e não um caminhar diário com o Senhor, evidenciado por um caráter transformado pelo poder do Altíssimo.
Enquanto, no passado, religiosos como John Wycliff, John Huss e Jerônimo Savonarola, dentre outros, foram sentenciados por sua fidelidade ao evangelho e ao Senhor da Igreja, hoje vemos líderes de diversas denominações cristãs sendo sentenciados por práticas que contrariam o evangelho, como corrupção, pedofilia, enriquecimento ilícito, abuso sexual etc.
A Igreja precisa urgentemente de um retorno às Escrituras, de uma vida de piedade, de um caminhar diário com Deus, de encher-se do Espírito Santo, de orar mais, de jejuar mais, de ler e testemunhar mais o poder do evangelho de Jesus Cristo.
É de suma importância reavaliarmos nossa caminhada à luz da Palavra de Deus e sermos fiéis à visão recebida. Como metodistas podemos começar mantendo a visão que foi dada a John Wesley: “Reformar a nação, a começar pela própria Igreja, e espalhar a santidade bíblica sobre a Terra”.
Do amigo e pastor,
Pr. Tiago Valentin