Paradigma é literalmente um modelo, a representação de um padrão a ser seguido. Esse padrão nos mostra como devemos nos comportar dentro de um determinado limite, de forma a sermos bem-sucedidos. Nossa vida é feita de paradigmas, ou modelos, que seguimos. Há, entre outros, o paradigma da nossa educação familiar, o paradigma ético e moral determinado pela nossa cultura e sociedade e, também, o paradigma da religião, ou, sendo mais específico, o paradigma da igreja, isto é, de como ser igreja.
As igrejas, historicamente, organizam-se e funcionam a partir de atividades e programações. Tradicionalmente, no início do ano ou no fim do anterior, fazemos reuniões para definir o próximo calendário de atividades da igreja. Então, todos os ministérios propõem um caminhão de programações a serem desenvolvidas durante aquele ano. E assim tem sido há muito tempo.
A igreja realiza atividades com o único propósito de corresponder àquilo que Deus quer dela: cumprir sua missão. Não há nenhuma orientação bíblica de que a igreja precisa de um calendário ou de programações específicas para funcionar, mas foi dessa forma que ela se organizou, encontrou um padrão, um modus operandi para servir a Deus, cumprindo Sua Palavra. Mas o que é servir a Deus e qual é a vontade d’Ele para a Igreja? Conforme João 6:39 e Mateus 28:19–20, a missão que Deus nos deu é a de salvar Seus filhos e filhas. Portanto, tudo o que acontece na vida da igreja deve ter esse foco: anunciar a salvação.
Então eu pergunto: as atividades que estamos desenvolvendo na igreja têm servido para anunciar a salvação em Jesus Cristo para aqueles que ainda não O conhecem? E, para os que já desfrutam da graça da salvação, essas atividades têm fortalecido e favorecido o entendimento de qual é a missão da igreja? Se, de alguma forma, estamos desfocados em relação àquilo que Deus espera de nós, não podemos fingir que está tudo bem. Precisamos parar para questionar e rever nossa caminhada, rever nossos paradigmas.
Quando falamos em rever paradigmas, rever modelos de atuação, não estamos querendo dizer que tudo o que foi feito até agora não valeu de nada. Em contrapartida, não podemos desconsiderar que a vida é dinâmica, as necessidades e contextos mudam e a igreja precisa alinhar a essa realidade o seu modo de anunciar a salvação.
Devemos valorizar nossa história e tudo o que foi realizado até agora por muitos irmãos e irmãs, que empregaram suas forças, contribuições e fé para que a igreja que temos hoje se tornasse uma realidade. A revisão de paradigmas que propomos não é da essência do “ser igreja”, mas, sim, do modelo, da forma adotada até aqui de “como ser igreja”.
Por isso, questionar o paradigma de uma igreja baseada em atividades é tão importante e, ao mesmo tempo, tão difícil. As atividades garantem a manutenção e o funcionamento da igreja, mas não asseguram que ela esteja crescendo ou vá crescer. Somos desafiados a deixar de ser uma igreja baseada em atividades para passar a ser uma igreja baseada em vidas. Porque nossa missão não é manter a igreja; nossa missão é ser igreja.
Focado nas vidas,
Pr. Tiago Valentin