As igrejas se organizam e funcionam historicamente a partir de atividades e programações. Tradicionalmente, no início ou no fim do ano fazemos reuniões para definir o calendário de atividades da nossa igreja e, então, todos os ministérios propõem um caminhão de programações para serem desenvolvidas durante aquele ano. E assim tem sido há muito tempo.
A igreja programa suas atividades com a intenção de corresponder àquilo que Deus quer dela: cumprir sua missão. Não há nenhuma orientação bíblica de que é preciso criar um calendário ou uma programação específica, mas foi dessa forma que a igreja se organizou, encontrou um padrão, um modus operandi para servir a Deus, cumprindo Sua Palavra. Mas o fato de estarmos envolvidos em várias atividades e as desenvolvermos com qualidade não significa necessariamente que podemos considerar o objetivo alcançado.
Precisamos então questionar o que é servir a Deus e qual é a vontade de Deus para igreja. A missão de Deus e, portanto, a missão da igreja é salvar Seus filhos e filhas. Por isso, tudo o que acontece na vida da igreja deve ter um único foco: anunciar a salvação.
Se, de alguma forma, estamos desfocados em relação àquilo que Deus espera de nós, não podemos fingir que está tudo bem. Precisamos parar, questionar e rever nossa caminhada, rever nossos paradigmas. O propósito ou motivação pela qual fazemos as coisas na igreja é que deve conduzir nossa caminhada, e não porque sempre fizemos deste ou daquele jeito. Realizar atividades com qualidade e obter êxito em algumas áreas da igreja não são sinônimos de que estamos fazendo o que Deus espera de nós. Nosso passado glorioso pode bloquear nossa visão de futuro (se é que nosso passado foi tão glorioso assim). Muitas vezes, ficamos vivendo de realizações passadas e não nos abrimos para o novo.
Quando falamos em rever paradigmas, rever modelos de atuação, não estamos com isso querendo dizer que tudo o que foi feito até agora não valeu de nada. Entretanto, não podemos desconsiderar que a vida é dinâmica, as necessidades e contextos mudam e a igreja precisa alinhar seu modo de anúncio do evangelho à nova realidade.
Devemos valorizar nossa história e tudo o que foi realizado por muitos irmãos e irmãs que deram suas contribuições e empregaram suas forças e sua fé para que a igreja que aqui se encontra fosse uma realidade. A revisão de paradigmas que devemos fazer permanentemente não está relacionada à essência do “ser igreja”, mas sim ao modelo, à forma adotada até aqui de “como ser igreja”.
Somos desafiados a deixar de ser uma igreja baseada em atividades para passar a ser uma igreja baseada em vidas, porque nossa missão não é manter a igreja; nossa missão é ser igreja.
Que o Senhor nos batize dia a dia com amor – amor ao Seu Nome, à Sua obra e a Seus filhos e filhas! Que não haja nada mais prazeroso para nós do que ver alguém que estava perdido, sem esperança, sem sonhos, sem vida, rendendo-se diante da presença graciosa, transformadora e santificadora de Jesus Cristo!
Constrangido pelo amor de Deus,
Pr. Tiago Valentin