Frequentemente somos surpreendidos por alguém ou por nós mesmos ao percebermos que algumas tarefas e compromissos nossos não foram satisfatoriamente realizados. E, sem pestanejar, ao primeiro sinal de “prestação de contas”, somos impelidos a responder prontamente: “Não tive tempo, por isso não consegui fazer”. É verdade que, em alguns momentos, somos atropelados por um turbilhão de afazeres, compromissos, eventos. Estamos tão repletos de coisas pra fazer que nos falta tempo para dar conta de tantas atividades. Nosso dia a dia tem uma agenda, ainda que não marcada num caderno, uma lista de compromissos assustadora que nos obriga a cumpri-la a todo custo, por vezes sem pararmos para refletir se de fato daremos conta ou nem que preço tais atividades serão cumpridas ou que esforços devemos empenhar.
Ao transitar pela cidade, é comum observarmos as pessoas num ritmo frenético, como se estivessem o tempo todo correndo atrás do “tempo”. Em nossas jornadas em transporte convencional (ônibus, metrô e trem), observamos que a multidão está sempre acelerada e, mesmo que não estejamos com pressa, somos obrigados a nos juntar à massa e entrar no ritmo, caso contrário seremos atropelados pela multidão. Ao refletir sobre o contexto urbano, eu me pergunto: será que realmente estamos sem tempo?
A Bíblia nos diz: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu” (Ec 3:1). Esse trecho bíblico afirma que temos tempo para realizar todas as tarefas que nos dispusermos a fazer; ainda assim, deixamos muito a desejar. Nossa mentalidade é condicionada a essa correria, levando-nos a acreditar que não temos tempo.
Considerando que todos têm a mesma quantidade de horas por dia, ou seja, 24 horas, nem mais nem menos, acredito que o problema esteja na má administração desse tempo. Travamos uma briga contra o relógio constantemente: ajustamos seus ponteiros de forma que esteja adiantado para não perdermos a hora; espalhamos relógios pela casa; usamos o despertador do celular para nos lembrar do horário; enfim, deixamo-nos pressionar pelo “nosso tempo”.
Com o mesmo pensamento, vamos à igreja e, sempre de olho no marcador de tempo, nos angustiamos ao perceber que o(a) irmão(ã) “falou” demais durante o testemunho, que o ministério de louvor cantou três cânticos em vez dos dois costumeiros; que o sermão do(a) pastor(a) não termina nunca. Pensamos: “Meu Deus, esse culto não acaba”.
O tempo deve ser visto como nosso aliado, e não como inimigo. Ao organizarmos nosso tempo, teremos condições de atender as necessidades que surgirem. Penso que uma boa administração do tempo está na constante dependência d’Aquele que tem o próprio tempo nas mãos. “Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça” (Mt 6:33a). É certo que toda essa agitação e correria têm escala global, mas, em nível individual, nós somos responsáveis pela otimização do nosso tempo e, nesse sentido, devemos buscar de Deus sabedoria para fazer bom uso dessa dádiva que vem do Senhor do tempo.
“Buscai ao Senhor enquanto [durante o tempo em que] se pode achar, invocai‑o enquanto está perto (Is 55:6).” Nesse texto, somos convidados a buscar a Deus e me preocupa o fato de negligenciarmos essa oportunidade tão preciosa. Buscar a Deus exige um comprometimento que requer disponibilidade de tempo no desenvolvimento de um relacionamento estável. Se não atentarmos para essa premissa, estaremos fadados a cair na armadilha gerada pela ideologia da sociedade atual e suas demandas de “falta de tempo”.
Lembremo-nos de que o tempo precisa ser utilizado de forma produtiva, senão estará irremediavelmente perdido. “Tem um tempo pra mim?”, diz o Senhor.
Deus nos abençoe!
Pr. Edmilson Oliveira