Um dos grandes desafios da pandemia é o abatimento que nos acomete por conta de todo o ambiente pandêmico: medo da contaminação, colapso no sistema de saúde, crise econômica e financeira, solidão causada pelo isolamento social, luto e sofrimento coletivo. Esse cenário abate nossa alma, nosso corpo e nosso espírito.
Nesta reflexão, quero me ater ao abatimento espiritual, uma vez que as questões ligadas à saúde emocional e física têm sido amplamente abordadas pela mídia e pelo próprio sistema de saúde. Quero me ater à nossa saúde espiritual por dois motivos: primeiro, porque, de modo geral, a espiritualidade tem sido colocada em segundo plano; e, segundo, porque a nossa espiritualidade, uma vez nutrida, nos leva a vencer as amarguras insolúveis da vida.
Sem dúvida alguma, o maior reflexo da pandemia sobre nossa caminhada de fé foi a necessidade de fecharmos os templos, pois eles são o principal lugar de encontro e de promoção da comunhão, e é na comunhão que somos fortalecidos, amparados e desafiados. É na “aglomeração dos santos” que Deus Se revela. Sim, fomos aleijados na nossa capacidade de permanecer firmes na caminhada de fé.
Não podemos desconsiderar que a ausência do templo e das atividades presenciais também nos fizeram refletir e avaliar o quanto estávamos sofrendo de “templodependência”. A caminhada de fé de alguns estava restrita ao culto e ao ambiente litúrgico e, para estes, a pandemia foi uma benção, pois puderam reconhecer a superficialidade de sua espiritualidade e estão tendo a oportunidade de rever esse quadro.
Contudo, a Palavra de Deus é enfática ao nos revelar, recomendar e exortar a vivermos em comunhão e, indubitavelmente, o espaço do templo é o lugar por excelência para isso. Uma vez que nos foi tirado esse espaço, o abatimento é inevitável. Tenho ouvido de muitos, há alguns meses, sobre sua dificuldade em comungar por meio do celular ou do computador. As razões para isso são as mais variadas e, por conta dessa indisposição com as atividades on-line, o abatimento de muitos tem se agravado. Não é incomum ouvir o seguinte: “Pastor, não aguento mais esse culto on-line. Quando voltar o presencial, eu também volto”. Quem tem assumido essa postura não está se dando conta de que esse afastamento, essa desconexão é perigosa. Ao deixarmos de nutrir nossa fé, ao abrirmos mão da comunhão, ainda que de maneira on-line, fragilizamos os fundamentos da nossa fé. Por isso, não deixe de comungar, mesmo que seja pela telinha do celular.
Meu convite a você é que não coloque sua espiritualidade em segundo plano. Entre os inúmeros desafios que a pandemia nos impõe está a necessidade de aprofundarmos nossa busca pessoal e nossa intimidade com Deus. Sei que não podemos depender do templo, mas também entendo que a “igreja on-line” é uma experiência de superação da qual não podemos abrir mão. Deus, em Sua infinita graça e misericórdia, tem, sim, usado a tecnologia e os meios de comunicação para nos abençoar e sustentar.
Fortaleça cada dia mais a sua fé, buscando conectar-se o máximo possível com as atividades on-line da nossa igreja. Há também na internet uma infinidade de bons conteúdos que podem nos ajudar. Lembre-se de que aqueles que firmam suas vidas na Rocha suportam as tempestades com uma segurança muito maior. Não desista de caminhar, não desista de se conectar com Deus. Ele sempre está presente, Ele sempre está on-line. Sim, o Pai está on!
Do amigo e pastor,
Tiago Valentin