O mercado está vazio

Enquan­to tiver­mos tem­po, faça­mos o bem a todos!” (Gl 6:10).

Ido­sa cho­ra ao ver pra­te­lei­ras vazi­as na Aus­trá­lia: retra­to do egoísmo

Tudo pare­ce ace­le­ra­do, den­so, pesa­do. Não cor­re­mos mais con­tra o tem­po e tam­bém não vamos mais ao encon­tro dele. Cor­re­mos atrás dele e pare­ce que o esta­mos per­den­do de vis­ta. Esta­mos per­den­do nos­so pró­prio tem­po de dar aten­ção a nós mesmos.

De repen­te, acor­da­mos e tudo mudou. Notí­ci­as que nos che­gam dizem que os par­ques de todo o mun­do per­de­ram sua magia, a mura­lha da Chi­na já não se mos­tra intrans­po­ní­vel e for­te, os bra­ços do Cris­to Reden­tor, ape­sar de aber­tos, não têm o poder de impe­dir a che­ga­da das pes­tes, e todos cami­nhos que antes nos leva­vam a Roma são ago­ra evi­ta­dos. Tudo isso por cau­sa de um vírus que já pro­cla­ma­mos, pelo menos por enquan­to, dono do mundo.

Assim, nós nos demos con­ta da nos­sa fra­gi­li­da­de e peque­nez. Nem mes­mo a razão de tudo isso sabe­mos, se foi de pro­pó­si­to ou irres­pon­sa­bi­li­da­de de todos nós, egoís­tas e ganan­ci­o­sos. Ago­ra a ame­a­ça está aí, cada dia mais for­te, apa­vo­ran­do-nos e nos tiran­do a alegria.

Ape­sar de vári­as ten­ta­ti­vas, os memes bem-humo­ra­dos per­de­ram a gra­ça e os abra­ços e bei­jos se trans­for­ma­ram em armas peri­go­sas e ame­a­ça­do­ras. O mer­ca­do está vazio. A escas­sez de pro­du­tos nos escan­ca­ra nos­so lado mais vil e egoís­ta: amor em gel – desaparece!

Mui­tas vezes, ain­da toma­dos pelo medo, nós nos acha­mos impo­ten­tes e igno­ran­tes no exer­cí­cio da indi­vi­du­a­li­da­de. Ao notar­mos alguém dis­tin­to de nós, agi­mos com vile­za e mes­qui­nhez, na inten­ção de calar esse “outro”, de man­tê-lo lon­ge. Vive­mos encres­pa­dos por con­ta do medo de desa­pa­re­cer­mos embru­lha­dos nis­so tudo que sequer conhecemos.

O tem­po que se cha­ma hoje requer de nós mui­ta refle­xão e mudan­ças em nos­so com­por­ta­men­to. Somos cha­ma­dos para amar o pró­xi­mo como a nós mes­mos. Somos cha­ma­dos a ter um olhar mais amo­ro­so e pru­den­te. Pre­ci­sa­mos vol­tar a nos sen­tir úni­cos, a nos per­ce­ber pró­pri­os e que­ren­tes de cui­da­dos, de olha­res, de ser­mos ouvidos.

Mais do que nun­ca, deve­mos amar como Cris­to nos amou e se entre­gou por nós – amor incon­di­ci­o­nal, ver­da­dei­ro e sal­va­dor. Os que estão em Cris­to são novas cri­a­tu­ras; as coi­sas velhas já pas­sa­ram; eis que tudo se fez/faz novo!

Por Dil­son Júlio da Silva,
teó­lo­go e mem­bro da Igre­ja Meto­dis­ta em Itaberaba

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.