Ser igreja é um grande desafio, mas só podemos compreender sua dimensão quando entendemos o que significa de fato ser igreja. Não é incomum confundirmos templo com igreja, até porque usualmente chamamos o templo de igreja. Quase ninguém diz “Vamos ao templo”. O comum é dizer “Vamos à igreja”, referindo-se ao espaço físico. Embora chamemos o templo de igreja, trata-se de duas coisas diferentes, pois templo é o lugar onde a igreja se reúne. Os primeiros templos cristãos só foram construídos a partir do século III. Portanto, a igreja surgiu bem antes dos templos. Por essa pequena confusão e por outros tantos desgastes ao longo do tempo e da história, o verdadeiro significado do que é ser igreja foi se perdendo.
Ser igreja, corpo de Cristo, pressupõe serviço, desprendimento, compromisso e unidade. Quando o apóstolo Paulo usa a ilustração do corpo para exemplificar o que é a igreja, fica muito claro que os membros do corpo estão obrigatoriamente ligados a ele, fazem parte dele. Por isso, para que um grupo de pessoas possa ser chamado de igreja é necessário muito mais do que ir uma vez por semana ao templo. Sendo assim, grandes espaços físicos em que multidões se reúnem para cultuar não são propriamente igrejas, mas pessoas cultuando. Um grupo desses só passa a ser igreja quando seus membros sofrem com os que sofrem e se alegram com os que se alegram
(1 Co. 12:26).
Quando olhamos para a igreja como uma comunidade, e não como um espaço de reunião, ser igreja torna-se um grande desafio, pois buscar viver em comum+unidade não é fácil. Em meio a tantas ideias, vontades e expectativas diferentes, só é possível ser igreja pela graça e misericórdia de Deus. Mas também temos de fazer nossa parte para que isso seja possível. Nesse sentido, o mesmo apóstolo Paulo orienta a igreja em Éfeso: “Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz”. (Ef. 4:1–3).
É necessário que haja esforço de nossa parte para que a igreja, essa comunidade que é o corpo de Cristo, seja uma realidade. Não é fácil lidar com pessoas difíceis, não é fácil trabalhar em conjunto com pessoas que divergem de nós, não é fácil abrir mão da nossa vontade pessoal em prol da coletiva. E não podemos fantasiar sobre a verdadeira realidade do que é ser igreja. Contudo, quando permitimos que a graça e a misericórdia de Deus moldem nossas vidas para assim conseguirmos caminhar juntos, o efeito disso sobre o mundo é muito grande, pois aqueles que não crêem em Jesus só irão crer quando olharem para a igreja e virem nela unidade (Jo. 17:21).
Que o Espírito Santo de Deus continue a nos capacitar para sermos cada vez mais um reflexo vivo da ação conciliadora e regeneradora de Jesus Cristo neste mundo.
Com carinho e estima pastoral,
Pr. Tiago Valentin