Não Esteja Só!

PROCESSO DO DISCIPULADO (PARTE 1)
E o que de minha par­te ouvis­te atra­vés de mui­tas tes­te­mu­nhas, isso mes­mo trans­mi­te a homens fiéis e tam­bém idô­ne­os para ins­truir a outros” (2 Timó­teo 2:2).
Como em minhas duas últi­mas pre­ga­ções eu não con­se­gui expla­nar total­men­te o con­teú­do do meu ser­mão sobre o “Pro­ces­so do Dis­ci­pu­la­do”, resol­vi publi­cá-lo nes­te nos­so bole­tim, dividindo‑o em qua­tro par­tes. Assim, soli­ci­to ao nos­so lei­tor e à nos­sa lei­to­ra que não se ate­nham ape­nas a esta par­te ini­ci­al, mas que se esfor­cem para ler e absor­ver todo o con­teú­do que será publi­ca­do ao lon­go das demais edi­ções do Boin. Que, por meio da lei­tu­ra de cada uma das qua­tro par­tes, o Espí­ri­to de Deus con­du­za vocês a uma melhor com­pre­en­são e apli­ca­ção pes­so­al des­ta men­sa­gem pastoral.

Cha­mou Jesus os doze e pas­sou a
enviá-los de dois em dois” (Mc 6:7a).

Exis­te um afo­ris­mo mui­to conhe­ci­do: “Nun­ca ouça crí­ti­cas cons­tru­ti­vas de quem nun­ca cons­truiu nada”. Em outras pala­vras, nun­ca ouça con­se­lhos de quem nun­ca che­gou a lugar nenhum. Por­que nin­guém che­ga ao topo sozi­nho. Já parou para ana­li­sar que nin­guém ven­ce sozi­nho e nem per­de sozi­nho? Tudo que pare­ce impos­sí­vel para você hoje, pode ter cer­te­za de que alguém já exe­cu­tou ou já alcan­çou. E essa pes­soa pode­rá aju­dar você a alcan­çar seu obje­ti­vo ensi­nan­do-lhe a dire­ção. Na cami­nha­da cris­tã, o pro­ces­so do dis­ci­pu­la­do se faz neces­sá­rio, pois nem Jesus Cris­to andou sozi­nho nes­ta ter­ra. Ele andou com Deus, andou no Espí­ri­to, mas tam­bém andou em dis­ci­pu­la­do. Embo­ra seja bom ter­mos alguns momen­tos em soli­tu­de, andar sozi­nho, para o cris­ti­a­nis­mo, não é algo posi­ti­vo. Somos reba­nho, e não lobos soli­tá­ri­os; somos uma nação san­ta, e não ilhas afro­di­sía­cas. A Bíblia diz que não há sabe­do­ria na soli­dão e no iso­la­men­to. “O soli­tá­rio bus­ca o seu pró­prio inte­res­se e insur­ge-se con­tra a ver­da­dei­ra sabe­do­ria” (Pv 18:1). “Melhor é serem dois do que um, por­que têm melhor paga do seu tra­ba­lho. Por­que, se caí­rem, um levan­ta o com­pa­nhei­ro; ai, porém, do que esti­ver só; pois, cain­do, não have­rá quem o levan­te” (Ec 4.9–10). Um dis­ci­pu­la­dor deve ser a pes­soa que já che­gou ao lugar que o dis­cí­pu­lo pre­ci­sa alcan­çar. Ele já adqui­riu expe­ri­ên­cia, sabe­do­ria e cone­xões para que a cami­nha­da do seu dis­cí­pu­lo seja mais efe­ti­va. A vida cris­tã é mui­to gran­di­o­sa para se tri­lhar sozi­nho. Por esse moti­vo, dize­mos que o Pai é nos­so, e não meu; que o pão é nos­so, e não seu. E por isso pedi­mos que o rei­no de Deus venha a nós, e não a mim! As coi­sas eter­nas sem­pre alcan­ça­rão o indi­ví­duo por meio do cole­ti­vo. É por isso que na Bíblia o nós não é mera­men­te o plu­ral de pri­mei­ra pes­soa, e sim a pri­mei­ra pes­soa em plu­ral; o nós e o nos­so são abso­lu­tos, enquan­to o eu e o meu são rela­ti­vos. No con­tex­to do ver­sí­cu­lo que abre esta pas­to­ral, Pau­lo está pres­tes a mor­rer, a ser mar­ti­ri­za­do. Era um perío­do de gra­ves ame­a­ças à fé cris­tã. Embo­ra esti­ves­se velho, can­sa­do, aban­do­na­do por alguns e com seu cor­po cheio de cica­tri­zes da vida e das per­se­gui­ções, Pau­lo não se pre­o­cu­pa­va con­si­go mes­mo, pois enten­dia que o Evan­ge­lho é mai­or que os obrei­ros, por­que os men­sa­gei­ros do evan­ge­lho pas­sam, mas o evan­ge­lho per­ma­ne­ce para sem­pre. O des­ti­na­tá­rio dos seus con­se­lhos con­ti­nua sen­do o jovem pas­tor Timó­teo, que esta­va à fren­te da igre­ja de Éfe­so, capi­tal da Ásia Menor. É uma car­ta emo­ci­o­nan­te e cheia de reco­men­da­ções para que o jovem pas­tor per­ma­ne­ça fir­me em seu cha­ma­do e n’Aquele que o cha­mou. E no refe­ri­do ver­sí­cu­lo, fica cla­ra a ori­en­ta­ção de Pau­lo a Timó­teo para que ele não pre­ser­ve ape­nas a ver­da­de e a fide­li­da­de do evan­ge­lho, mas tam­bém o trans­mi­ta com ver­da­de e fide­li­da­de. Uma das melho­res manei­ras de pre­ser­var o evan­ge­lho é transmitindo‑o com ver­da­de e fide­li­da­de. A ver­da­de do evan­ge­lho não pode ser diluí­da nem poluí­da. No ver­sí­cu­lo, fica cla­ra tam­bém a impor­tân­cia de o evan­ge­lho alcan­çar os dife­ren­tes dis­cí­pu­los, nas dife­ren­tes gera­ções: de Cris­to a Pau­lo (Gl 1:11–12); de Pau­lo a Timó­teo; de Timó­teo a homens fiéis; e de homens fiéis a outros. Qua­tro gera­ções sen­do alcan­ça­das pelo poder e pela ver­da­de do Evan­ge­lho. O nome dis­so não é só evan­ge­lis­mo, mas, aci­ma de tudo, dis­ci­pu­la­do. Nes­ta pri­mei­ra par­te, obser­ve que, no pro­ces­so do dis­ci­pu­la­do, ou seja, no cris­ti­a­nis­mo, não deve­mos cami­nhar sozi­nhos! Jesus e os após­to­los nos ensi­na­ram cla­ra­men­te isso. Fica­re­mos por aqui, mas aguar­do você para apro­fun­dar­mos um pou­co mais a res­pei­to do pro­ces­so do dis­ci­pu­la­do. Até a pró­xi­ma, pois nos­sa refle­xão sobre este tema continua! 

Rev. Isra­el A. Rocha

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