Não confunda prudência com medo

Nesses inter­mi­ná­veis meses de pan­de­mia, um dos efei­tos cola­te­rais mais pre­sen­tes no com­por­ta­men­to em geral das pes­so­as é o sen­ti­men­to de medo. Sim, medo do vírus, medo da inter­na­ção, medo da mor­te, medo do desem­pre­go, medo da fome, medo da soli­dão, medo e mais medo.

A gran­de ques­tão que envol­ve o medo é que, quan­do ele nos domi­na, tem o poder de nos para­li­sar. Tenho acom­pa­nha­do, com mui­ta pre­o­cu­pa­ção, deze­nas de pes­so­as no meu entor­no que foram domi­na­das pelo medo cau­sa­do pela pan­de­mia e, con­se­quen­te­men­te, para­li­sa­ram suas vidas. Pes­so­as com a vida para­li­sa­da na ver­da­de não estão viven­do, mas, infe­liz­men­te, mor­ren­do aos pou­cos sem perceber.

No livro que leva seu nome, o pro­fe­ta Jere­mi­as comu­ni­ca ao povo exi­la­do na Babilô­nia uma pala­vra de enco­ra­ja­men­to da par­te de Deus por meio de uma car­ta regis­tra­da no capí­tu­lo 29. Em sín­te­se, Deus diz ao povo: ape­sar do exí­lio, ape­sar da escra­vi­dão, ape­sar da situ­a­ção tão difí­cil que vocês estão enfren­tan­do, ape­sar do medo que pos­sam estar sen­tin­do, não dei­xem de viver (Jr 29:4–6).

Creio que as pala­vras de Deus ao povo exi­la­do ser­vem para nós ain­da hoje. Não pode­mos dei­xar de viver. O medo gera­do pela pan­de­mia não pode nos para­li­sar. Não estou, de manei­ra algu­ma, fazen­do apo­lo­gia ao des­cum­pri­men­to das reco­men­da­ções sani­tá­ri­as. Con­tu­do, a insa­lu­bri­da­de de viver ou sobre­vi­ver com medo o tem­po todo tam­bém ado­e­ce, tam­bém mata.

Entre­tan­to, se, de um lado, a Bíblia nos adver­te a crer­mos, des­fru­tar­mos e viven­ci­ar­mos o amor de Deus, que nos liber­ta de todo medo (1 Jo 4:18), de outro lado, a Pala­vra tam­bém nos acon­se­lha a ser­mos prudentes.

Jesus propôs uma pará­bo­la, regis­tra­da em Mateus 7:24–27, dizen­do que aque­les que ouvem e pra­ti­cam Suas pala­vras são como um homem pru­den­te que cons­truiu sua casa na rocha; um homem que, imbuí­do de cau­te­la e sen­sa­tez, pre­o­cu­pou-se em cons­truir a casa num lugar segu­ro, ante­ven­do pos­sí­veis intem­pé­ri­es que pudes­se enfren­tar. Per­ce­ba que o homem não per­mi­tiu ser domi­na­do pelo medo de uma pos­sí­vel enchen­te, pelos ven­tos for­tes ou por qual­quer outra con­di­ção cli­má­ti­ca extre­ma, mas, com fé, cora­gem e uma boa dose de pru­dên­cia, cons­truiu sua casa e não dei­xou de viver.

Por isso, querido(a) leitor(a), que­ro te con­vi­dar a dis­cer­nir com sabe­do­ria o que é o medo e o que é a pru­dên­cia. A Pala­vra de Deus nos aler­ta sobre o peri­go do medo e tam­bém nos dá a segu­ran­ça de que, quan­do somos alvos do amor do Pai, nada pre­ci­sa­mos temer. Aliás, para cada um dos nos­sos medos há uma pro­mes­sa equi­va­len­te na Pala­vra de Deus, pela qual deve­mos con­ti­nu­ar cons­truin­do nos­sos sonhos, deve­mos con­ti­nu­ar vivendo.

Seja pru­den­te, sim, por favor. Não dei­xe de usar más­ca­ra, não dei­xe de higi­e­ni­zar as mãos, evi­te aglo­me­ra­ções des­ne­ces­sá­ri­as e vaci­ne-se assim que der, mas, em hipó­te­se algu­ma, dei­xe de viver.

Do ami­go e pastor,

Pr Tiago Valentim

Tia­go Valentin

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