Eu nunca havia reparado que a imagem de nossos batimentos cardíacos podem se assemelhar a pequenos e grandes vales. Também enxergo picos e montanhas, até mesmo geleiras e – por que não? – icebergs. O fato é que só há vida se os batimentos estiverem nessa “dança” entre os vales e os picos.
Recentemente, li mais um livro do psicólogo e escritor norte-americano Spencer Johnson (Picos e Vales), o qual gerou em mim uma transformação mental (metanoia) e, consequentemente, atingiu meu coração (acelerou minha pulsação).
Estamos tão desesperados para encontrar a felicidade em nossas vidas que, na maioria das vezes, idealizamos tal felicidade e passamos a persegui-la como se fosse algo inatingível. Vivemos atrás do vento, somente da ideia. Não estou querendo dizer que sonhar e vislumbrar coisas novas não seja importante. Não! De fato não é isso! Estou me referindo àqueles(as) que fixam suas vidas nas projeções, naquilo que está ausente, naquilo que não possuem. Uma insatisfação constante preenche a alma a ponto de gerar dor e sofrimento.
Vales podem ser considerados períodos sombrios da alma e picos corresponderiam aos desejos e sonhos que possuímos, momentos bons que tanto ansiamos. É interessante pensar mais uma vez nos batimentos cardíacos. Sem a “dança” cardíaca não há vida; sem momentos maus e momentos bons, não há o surgimento do novo. Grandes empreendedores são idealizadores de novas possibilidades; criam estratégias diante de más circunstâncias, diz Johnson.
Você pode estar se perguntando o que isso tem a ver com a nossa vida espiritual. Tudo! As Sagradas Escrituras nos revelam que “sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8:28). Precisamos passar pelos vales cientes de que deles podemos extrair coisas maravilhosas. Nos vales da vida, nossas almas são reveladas, podemos encontrar cura, deparamo-nos com pessoas dispostas a nos apoiar e, muitas vezes, somos forçados pela dor a avançar.
Já quando estamos nos picos, somos levados à contemplação de uma força que desconhecíamos haver em nós. Nos picos, temos a satisfação de saber que vencemos o tempo dos vales. Nos picos, olhamos para os vales e eles já não parecem tão difíceis para nós. Nos picos, eu me torno consciente de que Deus sempre esteve comigo lá nos vales, como está também nos picos. Deus simplesmente está! Ele é em mim, em toda e qualquer situação. Tudo coopera para o bem dos que O amam!
O que precisa então mudar? Eu preciso vencer o medo de passar pelo vale. Preciso vencer o medo de subir mais alto. Vencendo o medo, posso todas as coisas, pois “o verdadeiro amor lança fora todo o medo” (1 Jo 4:18). Venço o medo quando mudo minha visão, quando deixo de enxergar apenas o que me falta, apenas o que me causa dor, e passo a enxergar possibilidades de transformação. Afinal, Jesus também está no vale. Ele pode e quer usar toda situação para me transformar segundo a Sua imagem, a fim de que não exista mais medo, e sim coragem para prosseguir rumo aonde Ele mesmo deseja me levar.
Na dança do coração, na dança entre os vales e as montanhas, vamos sendo transformados, de glória em glória, aprendendo a confiar na soberania de um Deus sempre bom e que deseja o melhor para nós.
Que os meus olhos e os seus olhos enxerguem a bondade de Deus tanto nas montanhas e nos picos como também nos vales!
De coração,
Pra. Laura Valentin