Mitos & verdades acerca da fé

Como não podia dei­xar de ser, o mun­do da fé ali­men­ta um sem núme­ro de este­reó­ti­pos for­ma­dos a par­tir de idéi­as pre­con­ce­bi­das ou ali­men­ta­das pela fal­ta de conhe­ci­men­to real sobre um deter­mi­na­do tema, resul­tan­tes da fal­ta de inti­mi­da­de com as Escri­tu­ras, já que ela é apta para dis­cer­nir, cor­ri­gir, edu­car, e lim­par os olhos para uma com­pre­en­são cor­re­ta. Pre­ten­de­mos aqui elen­car alguns fal­sos con­cei­tos que de tan­to serem repe­ti­dos se tor­na­ram “ver­da­des” – e não são – para mui­tos ini­ci­an­tes na fé:

MITO 1: Subir no mon­te para orar tor­na a ora­ção mais eficaz.

O FATO: Quem dese­jar subir ao mon­te para orar, não há impe­di­men­to algum, mas para o nos­so Deus não exis­te lugar geo­grá­fi­co onde Ele pos­sa ouvir “melhor”. Cre­mos num Deus Oni­pre­sen­te, e o rei Davi assim expres­sou: “se subo aos céus lá estás, se faço a minha cama no mais pro­fun­do abis­mo lá estás tam­bém” (Sl 139.8). Por­tan­to, é indi­fe­ren­te orar a Ele, nas altu­ras ou na pla­ní­cie. Jesus subia no mon­te para orar, com o úni­co pro­pó­si­to de estar a sós com o Pai, por ser um lugar de sos­se­go e tranqüi­li­da­de, e lon­ge do assé­dio das mul­ti­dões: “ ele reti­ra­va-se para os deser­tos, e ali ora­va” (Lc 5.16). Mon­tes… deser­tos… Ele que­ria orar tran­qui­la­men­te, sem inter­rup­ções. Hoje, o seu “mon­te” pode estar loca­li­za­do no seu quar­to, duran­te a madru­ga­da. Não impor­ta, onde você esti­ver, ore ao Senhor!

MITO 2: Falar em lín­guas é a pro­va de batis­mo no Espí­ri­to San­to, e con­fe­re à pes­soa uma dis­tin­ção em rela­ção aos demais crentes.

O FATO: Este foi um dos mai­o­res enga­nos da teo­lo­gia pen­te­cos­tal ao afir­mar que o dom de lín­guas era “o dom”, supe­ri­or aos demais, e pro­va do batis­mo do Espí­ri­to. Mui­tas injus­ti­ças foram come­ti­das con­tra cren­tes fiéis, sin­ce­ros, ungi­dos, mas que não foram con­tem­pla­dos com o dom da glos­so­la­lia. Na ver­da­de o Espí­ri­to con­ce­de a cada um como quer… entre­tan­to, o amor é o dom mai­or. Sem ele, todos os outros dons são ape­nas baru­lho (1Co 13.1). Além de que não são os dons, mas o degrau seguin­te, que é o “fru­to do Espí­ri­to”, que mos­tra­rá se o cren­te cami­nha com Deus, ou não.

MITO 3: Quan­to mai­or a pros­pe­ri­da­de, mai­or a inti­mi­da­de que a pes­soa tem com Deus, e pobre­za é maldição.

O FATO: tra­ta-se da mais dia­bó­li­ca visão mer­can­ti­lis­ta vin­cu­lar espi­ri­tu­a­li­da­de com rique­za na Nova Ali­an­ça. Mes­mo no AT o sal­mis­ta dizia: “Eu sou pobre, neces­si­ta­do, porém o Senhor cui­da de mim” (Sl 40.17). Em Pro­vér­bi­os diz que “o bom nome vale mais do que mui­tas rique­zas” (Pv 22.1), e Pau­lo adver­te que “o amor ao dinhei­ro é a raiz de todos os males”. Pedro e João, ver­da­dei­ro após­to­los, não tinham pra­ta nem ouro para dar de esmo­la. No Rei­no de Deus algu­mas pes­so­as serão ricas, e outras nun­ca terão um car­ro novo. Cris­tãos sin­ce­ros na Euro­pa terão suas casas pró­pri­as, e cris­tãos sin­ce­ros que vivem na Nigé­ria anda­rão des­cal­ços por toda a vida. Cha­ma­mos a isso de con­tin­gên­ci­as da vida, e todos esta­mos sujei­tos a ela.

MITO 4: Se um minis­té­rio tem alcan­ça­do suces­so é por­que é verdadeiro.

O FATO: Suces­so nun­ca foi cri­té­rio para defi­nir se algo vem de Deus. A ado­tar esse cri­té­rio, Pau­lo, o após­to­lo dos gen­ti­os, seria um far­san­te fra­cas­sa­do, pois ter­mi­nou seu minis­té­rio sozi­nho, e foi aban­do­na­do por todos (2Tm 4). Há peque­nas comu­ni­da­des de fé espa­lha­das pelo mun­do, pelas aldei­as e peri­fe­ri­as, que nun­ca pas­sa­rão de um gru­po de pes­so­as reu­ni­das, mas tenho cer­te­za que Jesus nun­ca fal­tou em suas reuniões.

MITO 5: Se a obra é de Deus, ela prosperará.

O FATO: Cos­tu­mam usar esse argu­men­to base­an­do-se no pare­cer de Gama­li­el: “se o pro­pó­si­to for huma­no fra­cas­sa­rá, se for divi­no pros­pe­ra­rá” (At 5.38–39). Obvi­a­men­te esse tex­to não pode ser usa­do iso­la­da­men­te, e nem esse é um cri­té­rio úni­co, pois se assim for, o isla­mis­mo seria obra divi­na, pois exis­te há vári­os sécu­los e é a reli­gião que mais cres­ce no mun­do. Coi­sas de ori­gem duvi­do­sa tam­bém pros­pe­ram: Pro­cis­são do Círio de Naza­ré, que arras­ta mais de 2 milhões de pes­so­as, e o cân­cer, que é uma mul­ti­pli­ca­ção de célu­las doen­tes. Corin­to, Éfe­so e Tes­salô­ni­ca foram igre­jas fun­da­das pelo após­to­lo Pau­lo, mas hoje, entre­tan­to, essas cida­des per­de­ram o vigor do evan­ge­lho, e a fé mor­reu ali há mui­to tem­po. Então não era obra de Deus?

MITO 6: Dan­çar, gri­tar, can­tar, pular, é a melhor expres­são que exis­te para demons­trar nos­sos sen­ti­men­tos para com Deus.

O FATO: É inte­res­san­te que gos­tam de com­pa­rar a ale­gria do evan­ge­lho com a tor­ci­da de fute­bol, onde a cada gol se gri­ta, pula e soca o ar. Entre­tan­to, há outras manei­ras de se expres­sar um sen­ti­men­to de ale­gria. Quan­do apre­cio uma bela obra de arte, o meu espí­ri­to se ale­gra, mas não pulo den­tro do museu, nem gri­to. Quan­do degus­to uma tor­ta deli­ci­o­sa o que faço é “huu­ummm…”, mas tam­bém não pulo, nem gri­to no res­tau­ran­te. Há pes­so­as que, por natu­re­za, são mais efu­si­vas e gos­tam de exter­na­li­zar seus sen­ti­men­tos. Tudo bem. Outros, mais absor­tos, dian­te de Deus ficam exta­si­a­dos em silên­cio, fecham os seus olhos, e vivem ali, sua expe­ri­ên­cia com o Eter­no. Tudo bem tam­bém. Sau­lo, ao encon­trar-se com Jesus, ficou cego. Acho que não pre­ci­sa­mos pas­sar por essa experiência.

Pr. Daniel Rocha

Pr. Dani­el Rocha

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