“Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?” (Am 3:3).
A prática da fé é uma via de mão dupla: Deus nos ama e nós respondemos a Seu amor; Jesus nos perdoa e nós nos arrependemos; o Espírito Santo manifesta Seu poder sobre nós e nós nos tornamos Suas testemunhas.
A ação de Deus em nossa direção pressupõe uma reação de nossa parte. Aprendemos que Deus faz a parte d’Ele e nós temos de fazer a nossa. Muitas vezes nos pegamos reclamando para Deus sobre o que Ele não fez ou o que fez de um jeito do qual não gostamos. É claro que, quando fazemos isso, estamos sendo injustos. Pra início de conversa, a coisa mais importante que Deus poderia fazer em nosso favor Ele já fez, ao enviar Seu Filho para nos salvar. E esse é o maior milagre já aconteceu em nossas vidas. Além disso, Deus, como Pai que é, tem muito prazer em nos abençoar de diversas maneiras. Ele é o maior interessado em nos ver bem e faz de tudo para nos dar as condições necessárias para vivermos assim. E quanto a nós? Será que estamos fazendo nossa parte diante de uma enfermidade, diante do desemprego, diante da falta de perdão, diante de problemas em nosso casamento?
Muitas vezes transferimos para a igreja ou para pessoas e grupos que fazem parte dela a nossa falta de interesse e compromisso com a obra. Ninguém é obrigado a frequentar ou ter compromisso com uma igreja; essa é uma escolha individual e pessoal. Em contrapartida, a igreja precisa ser um espaço de acolhimento e de inclusão; precisa, muitas vezes, dar o primeiro passo e, quem sabe, o segundo ou o terceiro em direção à pessoa. Mas a nossa relação com a igreja, assim como com Deus, é uma via de mão dupla. Se não houver acordo entre as duas partes, igreja e pessoa, não será possível caminhar junto.
Outro aspecto interessante é que nossa vida com Deus se reflete na nossa vida com a igreja. Ou seja, se estamos bem com Deus, muito provavelmente estaremos bem com a igreja; e o inverso também é verdadeiro. Por isso, a ausência de alguém na igreja pode, muitas vezes, ser reflexo do mau relacionamento que essa pessoa tem com Deus. Por isso, precisamos fazer a distinção entre vida com Deus e vida com a igreja.
Portanto, a igreja deve sempre ir em busca do perdido, do desgarrado. A parábola da ovelha perdida nos mostra que, ainda que 99 das 100 ovelhas estejam no aprisco, aquela que se perdeu é importante e deve ser resgatada. Mas haveria um limite para se ir atrás de uma ovelha perdida? Na verdade, não temos como fazer essa estimativa. O que temos é um critério: a ovelha precisa querer ser resgatada, receber ajuda e amor; caso contrário, o risco de que todas as ovelhas se percam será muito grande. Além disso, não podemos nos esquecer de que temos de ter uma vida saudável com Deus, pois somente assim a vida em comunidade será uma verdade em nossas vidas. Só é possível sermos igreja quando nossa vida está nas mãos do Senhor da Igreja.
Do amigo e pastor,
Pr. Tiago Valentin