“Foi para a liberdade que Cristo nos libertou! Portanto, permanecei firmes e não vos sujeiteis outra vez a um jugo de escravidão” (Gálatas 5:1).
Há certas coisas na vida, sobretudo no tempo em que vivemos, que me parecem bastante esquizofrênicas. As pessoas almejam ser livres, autônomas, independentes, mas acabam sempre se autoaprisionando.
A época em que vivemos é, certamente, a era do fácil acesso à informação, aos lugares, às pessoas. Se alguém quer fazer uma viajem, basta pesquisar um destino na internet, comprar uma passagem aérea e ir para onde quiser. Contudo, o que vemos, de um modo geral, são pessoas aprisionadas, que não conseguem exercer seu direito de ir e vir.
O padrão do mundo em que vivemos é dominado pela lógica da conquista, do sucesso e do resultado. Todos nós, em certa medida, somos induzidos a ter de “chegar lá”. Vivemos para bater metas, receber promoções e alcançar reconhecimento. Perdemos nossa liberdade, pois abdicamos do direito de fazer escolhas. Para alguns, até soa negativo alguém fazer o que quer porque tem liberdade para isso. Há, inclusive, pessoas que se sentem constrangidas de tirar férias, por exemplo, porque “precisam” estar produzindo o tempo todo.
O apóstolo Paulo também era, de certo modo, regido por essa lógica. Ele tinha um apego exacerbado pela lei e cuidava de seu cumprimento, achando que assim agradaria a Deus. Contudo, ele era prisioneiro de um legalismo que tirava sua liberdade e, pior do que isso, tirava a liberdade do outro. Ao encontrar-se com Jesus, a caminho de Damasco, ele foi liberto da mentalidade de que tinha de fazer, tinha de cumprir, tinha de realizar. Por isso, ele afirmou aos gálatas que Jesus o libertou para ser livre, e livre de toda expectativa e cobrança social, religiosa ou política.
O que nos liberta é entendermos o propósito para a nossa vida. Quem disse que temos de fazer uma faculdade? Quem disse que temos de falar mais de uma língua? Quem disse que temos de nos casar? Quem disse que temos de ter filhos? Esse é um padrão histórico, social e cultural estabelecido, mas quem de fato nós somos e por que fomos criados?
O propósito da nossa existência deve estar em Jesus Cristo. Enquanto Ele não for o centro da nossa vida, enquanto Ele não for aquilo que preenche o vazio da nossa existência, sempre estaremos buscando algo, desejando algo, sem nunca “chegar lá”. Essa busca incessante por algo nos aprisiona. É como uma esteira ergométrica: caminhamos, caminhamos, caminhamos e não saímos do lugar.
Quando percebemos isso e passamos a viver entendendo que Jesus é tudo de que precisamos, todas as demais coisas se tornam secundárias, deixando de ser determinantes para a nossa realização, felicidade ou completude. Nós não vivemos para ter, ser ou realizar; vivemos para nos relacionarmos com o Criador – esse é o propósito de nossa existência! Nossa realização profissional ou familiar deve ser direcionada por esse propósito maior e, se atendemos ou não os padrões preestabelecidos, isso não se torna um peso em nossa vida, pois o mais importante é agradarmos ao Senhor.
Essa reflexão não vai no sentido de termos uma vida alienada ou irreal, e sim de colocarmos as coisas no seu devido lugar. Embora Jesus já nos tenha libertado na cruz do Calvário, sempre teremos de lutar para que algemas e grilhões não nos sejam colocados.
Livre em Cristo Jesus,
Rev. Tiago Valentin