“Não é o que entra pela boca o que contamina o homem, mas o que sai da boca, isto, sim, contamina o homem” (Mt. 15.11).
O que tem saído dos das nossas bocas? Palavras de morte ou de vida eterna, de graça ou de desgraça, de maldição ou de bendição? É muito interessante perceber que a boca ou a língua são temas recorrentes na Bíblia, talvez porque Deus tenha plena consciência do poder das palavras: “Disse Deus: Haja luz; e houve luz” (Gn. 1.3). Não se trata aqui de palavras miraculosas ou mágicas, e sim de sentimentos exteriorizados em forma de palavras, frases e discursos que podem atingir diretamente quem está nos ouvindo, de maneira negativa ou positiva. Por isso, a Bíblia nos diz que “a boca fala do que está cheio o coração” (Lc. 6.45).
Há muitos exemplos bons e maus de pessoas que usaram as palavras para defender seus pontos de vista. Quem gosta de fazer análise de discurso bem sabe que o triste sucesso do nazismo no século passado deveu-se muito à persuasiva retórica de seu líder, Adolf Hitler. Como exemplo positivo, temos o metodista Nelson Mandela, que mesmo atrás das grades fez o seu clamor por liberdade ser ouvido por todo mundo. Não poderíamos deixar de citar aquele que para nós é o melhor pregador, o melhor professor e o melhor conselheiro de todos os tempos: Jesus Cristo. Por meio de palavras assertivas, sinceras e impregnadas de amor, Ele revelou à humanidade a verdade.
Em Mateus 15, Jesus exorta os fariseus a respeito daquilo que saía de suas bocas e deixa claro que a assepsia das mãos, em parte um ritual religioso, deveria ser considerada, mas a contaminação mais profunda que o homem poderia causar não era a ingestão de algo com alguma impureza, e sim o proferir palavras de preconceito, julgamento e condenação.
Para Ele, palavras e atitudes precisam sempre andar lado a lado, em perfeita harmonia. E, de fato, esse era o grande diferencial de Jesus: sua coerência. Muitas vezes contaminamos os que estão à nossa volta dando péssimo testemunho ao reclamar de tudo e de todos, mentir, fofocar, julgar. Se agirmos assim, quando as pessoas nos olharem não conseguirão enxergar Cristo em nós. No máximo verão alguém que se acha cristão, pois o que sai de sua boca nada tem a ver com o que entrou por seus ouvidos no domingo anterior.
Hoje vamos, juntamente com nosso Coral, declarar que o nome de Jesus tem poder! Glória a Deus por isso! Que assim seja não apenas nesta cantata ou aqui na igreja, mas uma constante em nossas vidas. Como diz a canção de Asaph Borba, “Ainda que as trevas venham me cercar, ainda que os montes desabem sobre mim, ainda que cadeias venham me prender, ainda que os homens se levantem contra mim, meus lábios não se fecharão. Pra sempre hei de te louvar!”
Que a oração do rei Davi também seja a nossa: “Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca manifestará os teus louvores” (Sl. 51.15). Amém!
Com carinho e estima pastoral,
Pr. Tiago Valentin