“ Independência ou morte!” A autoria dessa frase é conferida ao primeiro imperador do Brasil, D. Pedro I, que em 7 de setembro de 1822, às margens do riacho Ipiranga, teria desembainhado sua espada e dito a expressão que viria a ser um dos símbolos da independência do país, conforme a versão oficial. Embora haja muitas controvérsias a respeito dos fatos e detalhes sobre o que houve naquele 7 de setembro, essa foi a data definida como marco no processo de desligamento entre Brasil e Portugal.
Em linhas gerais, o então príncipe-regente teve de escolher entre voltar para Portugal e submeter-se ao poder de seu pai, o rei D. João VI, ou ficar no Brasil e “lutar” por sua independência. Por isso, D. Pedro teria dito que não havia outra escolha: ou tornar o Brasil independente ou morrer por ele. Não só as nações buscaram e ainda buscam sua independência ao longo da História. Esse é um anseio de todos, mais para unsque para outros. A maioria das pessoas não gosta de depender de alguém para algo. Há crianças voluntariosas que não querem que os adultos as ensinem; adolescentes anseiam por completar 18 anos e desfrutar os benefícios de liberdade que a chegada a essa idade lhes concede; jovens querem sair da casa dos pais e não depender mais deles financeiramente; adultos e idosos convivem com o medo de ter de depender de alguém no fim de suas vidas.
Um fato interessante, porém, é que, do ponto de vista espiritual, Deus fez tudo para que nós dependêssemos de Sua Graça. Jesus também teve de escolher entre a independência ou a morte, mas o que estava em jogo não era apenas a disputa pelo poder transitório de um reino qualquer, e sim o estabelecimento de um reino baseado em paz, justiça e alegria – o Reino de Deus.
No contexto messiânico, optar pela independência seria dizer para Deus que a humanidade poderia viver sem Sua misericórdia, sem Seu perdão, sem Sua Graça. Ou seja, a liberdade estava na morte e em viver totalmente na dependência de Deus. Por isso, Jesus escolheu a morte, pois era o único caminho que poderia levar à vida.
A irônica coroação de Jesus realizada pelo guardas romanos horas antes da crucificação seria profundamente ofuscada pela coroa de glória que Deus conferiu a Ele três dias depois de Sua morte, quando ressuscitou dentre os mortos, concedendo a toda a Criação a possibilidade de se recolocar na total dependência da Graça de Deus.
À medida que nos voltamos para Deus e desejamos depender d’Ele, nós nos tornamos também codependentes uns dos outros, pois a Graça e o amor de Deus se manifestam também na vida do próximo. Depender de Deus é reconhecer que, sem estar ligados à videira, nada podemos fazer.
Somos levados por uma série de fatores a viver e demonstrar que somos independentes. Em certa medida, a independência é salutar, pois nos amadurece e nos ajuda a reconhecer nossas potencialidades e limitações. Mas quando essa independência se transforma em autossuficiência, certamente estaremos em discordância com aquilo que Jesus nos concede e propõe por meio de seu sacrifício.
Que possamos escolher sempre a vida por meio da morte, e não da independência: a morte do nosso orgulho, da nossa arrogância, da nossa altivez e de tudo que nos afasta de Deus e de seus filhos e filhas.
Na dependência de Deus,
Pr. Tiago Valentin