Muitas vezes a sensação que eu tenho como pastor é de que muitas pessoas tratam a igreja como se fosse uma terra de ninguém, um lugar onde não há regras de convívio, onde ninguém se responsabiliza por nada, onde as pessoas não se sentem fazendo parte daquele espaço; apenas estão por lá, de passagem. E ainda escutamos coisas do tipo: “Já tenho tanta coisa com que me preocupar. Eu, cuidar da igreja? Isso não é problema meu!”.
Essa mentalidade é, de certa forma, herança, não muito bem-vinda, que nós protestantes recebemos da Reforma do século XVI, na qual se buscou um enfraquecimento da imagem do templo como único espaço de culto e interação com Deus. Com isso, o templo deixou de ser tão sagrado e a noção de casa de Deus, em parte, perdeu o sentido. Já que o templo é só mais um edifício público que freqüentamos durante a semana, por que se importar com ele?
O templo e as demais dependências da igreja tornaram-se espaços meramente funcionais, assim como um shopping ou um mercado. Eu vou até lá, consumo o que preciso e faço questão que os espaços estejam organizados, limpos e disponíveis para minha satisfação, mas não ofereço nenhuma contrapartida. Ou seja, não sou eu que sirvo à igreja, mas é ela que me serve.
O ministério levítico, no Antigo Testamento (I Cr 23:3–6), e o da diaconia, no Novo Testamento (At 6), nos apresentam importantes referenciais sobre como interagir com o espaço físico da igreja. Basicamente, ambos entendem o templo como casa de Deus. E isso não mudou. O templo continua sendo um lugar santo, consagrado, solene, que merece toda a reverência e zelo, assim como faziam os levitas e diáconos. Alguns podem dizer que hoje há o Ministério da Administração para cuidar do templo. Esse tipo de pensamento é o que mais me entristece, pois as pessoas se esquecem de que somos uma comunidade, do grego koinonia; ou seja, somos coparticipantes, cooperadores e corresponsáveis uns pelos outros e pelo templo em que comungamos.
É inaceitável acharmos normal deixar as dependências do templo desorganizadas, sujas, bagunçadas e às vezes até com coisas danificadas, depois de qualquer atividade, não importando quem foi responsável por ela. A igreja é nossa!
Destaco aqui algumas atitudes que devem ser evitadas, como o uso irresponsável e indiscriminado de copos descartáveis, não dar descarga nos vasos sanitários após o uso – um absurdo! –, deixar os alimentos das cestas básicas espalhados pelo templo (cabe esclarecer que o Ministério de Ação Social faz a sua parte; nós é que temos de fazer a nossa), deixar embalagens de alimentos por toda parte e luzes acesas por horas e dias, sem nenhuma necessidade, enfim, a lista é longa. Mas, para todas essas coisas e as demais, vale o velho ditado: se cada um fizer a sua parte, não teremos de fazer a do outro!
Irmãos e irmãs, fica o apelo para que sejamos mais zelosos com nosso templo, com suas dependências e com todos os equipamentos, objetos e móveis que compõem o patrimônio da igreja. Não nos esqueçamos de que tudo que há no templo não é nosso, mas do Senhor. Por isso, temos de cuidar, por Ele e para Ele, de tudo que ao longo de muitos anos foi construído e adquirido com tanto esforço. Pense nisso!
Com carinho e estima pastoral,
Pr. Tiago Valentin