Conforme a doutrina católica apostólica romana, no último dia 12 de outubro comemorou-se no Brasil o dia de sua padroeira. A imagem de Maria, mãe de Jesus, é venerada e tida como protetora do país. Para muitos que não seguem essa crença, a data não passa de um feriado, mas é inevitável que se faça uma reflexão sobre seu significado religioso.
Para nós, protestantes, a idolatria é sempre vista com péssimos olhos, pois conflita com o cerne da nossa prática de fé cristocêntrica, a qual apregoa que Jesus é o centro da nossa vida e o único mediador entre nós e Deus. Quem quer que se coloque entre nós e Deus, além de Jesus, deve ser descartado e ignorado. Infelizmente, observam-se inúmeros protestantes reagindo contra a idolatria de maneira muito agressiva, classificando o catolicismo como uma religião que cega as pessoas, uma falsa religião de gente ignorante e coisas do gênero. Contudo, se a idolatria não deve ser praticada, a intolerância muito menos.
Mas seria a idolatria uma exclusividade católica? Com certeza, não. Dentro do universo evangélico, há muitos “padroeiros” e “padroeiras” dos crentes. São cantores, grupos, pastores, apóstolos e igrejas inteiras considerados superiores. Tais pessoas e grupos teriam um relacionamento especial ou superior com Deus e todos que a eles estão associados seriam beneficiados por essa suposta predileção de Deus. Por trás de toda essa idolatria, há uma motivação maior, que é o dinheiro. Um ídolo gera muitas divisas, pois quem é idólatra faz questão de ter a imagem, os CDs, os livros e tudo que o aproxime de seu ídolo. Podemos afirmar, com toda a certeza, que a motivação primeira da idolatria não é a fé, mas sim o dinheiro.
Ídolo, por definição, é a imagem de uma falsa divindade. Tudo o que não leva à verdade, que é Cristo, deve ser revisto em nossas práticas religiosas. A idolatria de fato não é algo agradável a Deus, seja a uma escultura de gesso, seja a um cantor ou cantora gospel, seja a um líder religioso. Muitas vezes, fazemos do próprio Deus o nosso ídolo, ao acharmos que o Senhor é alguém que tem de satisfazer todas as nossas vontades e caprichos. Assim, pagamos a promessa que for preciso para alcançar a graça desejada e Deus passa a ser apenas um meio, um ídolo. Para conseguir o que queremos, nós O transformamos num amuleto.
Deus é supremo e deve ser buscado e adorado pelo que Ele é. Entretanto, como Pai amoroso, Ele tem prazer em abençoar seus filhos, mas sem nenhuma obrigação em fazê-lo e muito menos em troca de alguma migalha que possamos oferecer a Ele.
Vamos abandonar todos os nossos ídolos e buscar o único e verdadeiro Deus que merece nossa adoração, o criador dos céus e da terra, o Senhor dos Senhores, o Rei dos Reis, o autor e consumador da nossa fé!
Com carinho e estima pastoral,
Pr. Tiago Valentin