Hosana” ou “Crucifica‑o”?

Jesus Entra em Jeru­sa­lém”, obra das irmãs bene­di­ti­nas da Aba­dia de Turvey

Hoje cele­bra­mos o Domin­go de Ramos, epi­só­dio bíbli­co que nar­ra a entra­da de Jesus em Jeru­sa­lém uma sema­na antes da Sua ressurreição.

Jesus vai para Jeru­sa­lém para cele­brar a Pás­coa, que naque­le momen­to his­tó­ri­co ain­da era a memó­ria da liber­ta­ção do povo hebreu do cati­vei­ro egíp­cio. Àque­la altu­ra dos acon­te­ci­men­tos, Jesus já era famo­so em toda a Judeia e Gali­leia e, se por um lado esse reno­me lhe con­fe­ria a ade­são de pes­so­as que cri­am que Ele era o Filho de Deus, por outro lado Seu minis­té­rio era um insul­to e um ver­da­dei­ro peri­go para os pode­res polí­ti­cos e reli­gi­o­sos ali constituídos.

O Evan­ge­lho de Mar­cos des­cre­ve, no capí­tu­lo 11, a che­ga­da e a entra­da de Jesus em Jeru­sa­lém. Em Seu cora­ção não havia nenhu­ma pre­ten­são. Não hou­ve pre­pa­ra­ti­vos sun­tu­o­sos nem algum tipo de ceri­mo­ni­al pen­sa­do por Jesus. Ele sim­ples­men­te que­ria entrar na cida­de e o fez mon­ta­do num humil­de jumen­ti­nho. Con­tu­do, o alar­de já havia acon­te­ci­do, todos sabi­am que o gali­leu entra­ria na cida­de e a expec­ta­ti­va era de que Ele rei­vin­di­cas­se o poder ins­ti­tu­ci­o­nal, ou seja, que Ele rei­vin­di­cas­se o tro­no de Davi, ini­ci­an­do assim uma revo­lu­ção con­tra o Impé­rio Romano.

Por essa razão, Jesus foi rece­bi­do como um rei, qua­se um pop star. As pes­so­as tira­vam suas túni­cas e ves­tes e as esten­di­am no chão, for­man­do um tape­te. Tam­bém colo­ca­ram ramos de árvo­res por onde Jesus ia pas­sar e cla­ma­vam: “Hosa­na!” – que sig­ni­fi­ca “Sal­va-nos!”. Con­tu­do, como bem sabe­mos, Jesus frus­trou esses que acha­vam que Seu rei­no era ter­re­no. Hou­ve inclu­si­ve quem pen­sas­se isso até bem mais tar­de, con­for­me nos rela­ta o pri­mei­ro capí­tu­lo de Atos, quan­do os dis­cí­pu­los ques­ti­o­na­ram Jesus se era che­ga­do o tem­po de Ele res­tau­rar o Rei­no de Israel.

Mas o mais sur­pre­en­den­te é o que acon­te­ceu alguns dias depois da entra­da de Jesus em Jeru­sa­lém. As mes­mas pes­so­as que O tra­ta­ram e O acla­ma­ram como rei, na sex­ta-fei­ra de manhã gri­ta­vam com todo o entu­si­as­mo e con­vic­ção: “Crucifica‑o, crucifica‑o, crucifica‑o!”.

Pois é assim que mui­tas vezes nós nos por­ta­mos quan­do Deus não faz exa­ta­men­te o que que­re­mos. Enquan­to pare­ce que Deus está nos obe­de­cen­do, fica tudo bem, mas, quan­do Ele resol­ve ser Deus, nós O rejei­ta­mos com mui­ta faci­li­da­de. O livro de Pro­vér­bi­os nos aler­ta que pode­mos fazer pla­nos, mas a res­pos­ta será dada por Deus (Pv 16:2). Jesus em nenhum momen­to fez refe­rên­cia a que iria rei­vin­di­car o tro­no de Davi, mas aque­las pes­so­as que­ri­am isso e, quan­do Jesus entrou em Jeru­sa­lém, elas esque­ce­ram tudo o que o Mes­tre lhes tinha ensi­na­do e só enxer­ga­vam o que lhes interessava.

Jesus não entrou em Jeru­sa­lém para tor­nar-se rei de um rei­no efê­me­ro, limi­ta­do e huma­no, mas sim para esta­be­le­cer um rei­no que é de Deus. Jesus não mudou; quem mudou foram as pes­so­as quan­do se viram contrariadas.

Pre­ci­sa­mos apren­der a nos sub­me­ter à von­ta­de de Deus, colo­can­do nos­sos dese­jos, von­ta­des e pla­nos dian­te d’Ele para que Ele os apro­ve, cor­ri­ja e nos dire­ci­o­ne. Se num dia gri­ta­mos “Hosa­na” e no outro “Crucifica‑o”, é por­que Jesus ain­da não é o rei, o dono das nos­sas vidas.

Do ami­go e pastor,

Pr Tiago Valentim

Pr. Tia­go Valentin

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