Esta é uma verdade universal: ninguém escolhe a família na qual vai nascer! Todos nós, ao nascermos, somos automaticamente inseridos numa família, ainda que sejamos só mãe e filho, pois essa também pode ser uma família. O mais habitual, porém, é que a chegada de uma nova vida gere uma mobilização e uma comoção familiar. Várias pessoas, com sonhos, expectativas, visões e posicionamentos sobre a vida, esperam o bebê e estarão por muito tempo à sua volta. E ele crescerá em meio a todas essas particularidades.
É possível que muitas das características do lar que recebe esse bebê não sejam as melhores para configurar aquilo que chamamos de família estruturada. Por exemplo, alguém pode, sem ter desejado, nascer numa família em condição de vulnerabilidade social, no meio de uma favela e com um pai alcoólatra. Ou, quem sabe, ser filho de uma mãe com gravíssimos problemas psíquicos. Ou, talvez, no meio da adolescência, ver os pais se separarem. Alguém em condições como essas ou em tantas outras situações desafiadoras poderia dizer: “Eu não escolhi nascer nessa família. Isso é injusto!”.
O primeiro ponto a considerar é que o conceito de “família estruturada” vem sendo repensado e reformulado há muito tempo. Outros modelos de família foram surgindo, ainda que devamos refletir sobre os possíveis impactos que um grupo familiar cuja estrutura não obedeça aos padrões de Deus pode causar a seus membros. O que quero destacar aqui é que, independentemente da formatação da nossa própria família, precisamos olhar para ela e entender que essa é a família que Deus nos deu.
Dentro do princípio em que cremos de que Deus tem um propósito para todas as coisas, se nascemos, fomos educados, vivemos e crescemos numa família estruturada ou desestruturada, Deus nos colocou nela porque tem um desejo maior, que vai além da nossa capacidade cognitiva. E, sendo Deus quem escolheu nossa família, Ele o fez pensando no nosso melhor. Ou seja, nossa família é a melhor porque foi Deus quem nos levou até ela!
O que, muitas vezes, precisa de fato ser mais bem estruturado em nossa vida é o nosso olhar para com nossa família. Se sempre pensarmos e declararmos que é injusto ter nascido nela, seremos continuamente guiados e influenciados por um sentimento de castigo e injustiça divinos. Por outro lado, se olhamos para nossa família como um campo propício para anunciarmos, testemunharmos e vivenciarmos os valores do Reino de Deus, estaremos diante de uma oportunidade dada por Ele para anunciar Seu amor e salvação.
Ame a família que Deus lhe deu, seja ela como for! Talvez lá você seja o único que conheça e viva o Evangelho de Cristo. Então, seja sal e luz em sua casa, seja um pacificador e exerça intensamente o ministério da reconciliação, pois essa é a família que Deus lhe deu.
Do amigo e pastor,
Rev. Tiago Valentin