Em Mateus 6:7–13, é perceptível a preocupação de Jesus em que Seus discípulos aprendessem a orar. Afinal, depois de Sua ressurreição, essa seria a melhor forma de manter um bom relacionamento com Ele. Isso nos mostra que, sim, Jesus espera as nossas orações; Ele deseja relacionar-se conosco por meio delas.
A oração do Pai Nosso nos revela a plenitude da vontade de Cristo. Destaco uma expressão muito singular: “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje!” Como bem sabem, sou mineira e tive o privilégio de ser criada usufruindo de uma relação muito próxima com a natureza. Minha avó morava numa fazenda e, por isso, ainda desfrutei de uma relação de subsistência com a terra. Tudo o que queríamos para nossas refeições se encontrava na horta, no galinheiro ou no curral. Que delícia acompanhar minha avó ao recolher cenouras para fazermos um delicioso bolo!
Enfim, minha avó faleceu e junto com ela foram morrendo também essas formas simples de nos relacionarmos com as nossas necessidades básicas diárias. No lugar da horta, surgiram os supermercados; no lugar do curral, estão os açougues e, no lugar dos galinheiros vieram as granjas de superprodução anabolizada. Podemos chamar isso de industrialização e progresso, mas, também podemos entender que esse mesmo progresso nos escravizou na necessidade constante de consumir.
Consumimos de tudo, não só alimentos, e muitas vezes, ao não consumirmos, parece que não estamos vivendo. Jesus nos ensinou que o pão de cada dia ele nos daria. Isso significa que Deus está, sim, preocupado em suprir as nossas necessidades reais, e não aquelas que são luxo ou exagero da nossa parte.
Você pode estar pensando que isso é radicalismo da minha parte, mas não é. Tudo o que temos de excedente devemos, por consciência cristã, partilhar com aqueles que não têm. O consumo nos aprisiona a partir do momento em que vivemos em função dele. Numa cidade como São Paulo, parece uma luta meio injusta, não é mesmo? Somos levados o tempo todo a consumir algo, por menor que seja.
O fato é que não há como fugirmos dessa realidade! Mas, há como não sermos dominados por ela. A busca da simplicidade passa por atitudes práticas como: não acumular coisas; comprar somente aquilo que de fato é necessário; aprendermos a ser abençoadores, oferecendo ao próximo o que temos de excedente; nos tornarmos dizimistas, pois dessa forma também estaremos partilhando e colocando a nossa dependência em Deus; termos uma reserva para emergências; e aprendermos a ser gratos por aquilo que já possuímos, em vez de ficarmos sempre desejando algo o que não temos.
Isso é uma escolha que só pode ser vivida com o auxílio do próprio Cristo, pois, Ele mesmo nos orientará a respeito das nossas reais necessidades. Eu escolhi viver a simplicidade. E você? A simplicidade nos liberta da necessidade de aparentarmos ser aquilo que não somos e com ela aprendemos a nos alegrar por aquilo que Deus fez de nós e nos dá!
Que o próprio Cristo nos conduza a uma vida simples!
No amor de Jesus,
Pra. Laura Valentin