Q uando vou ao cemitério costumo passar os olhos pelos epitáfios gravados nas lápides, e imagino que tipo de pessoa foi enterrada ali, a idade que morreu, e principalmente se aquilo que ela fez em vida, teve algo importante a ser
registrado. Para tal não é necessário ser herói, famoso ou um virtuoso artista, mas ser marcante e único dentro da singeleza da vida cotidiana. E este é um problema, pois não sabemos que epitáfio escrever para a maioria das pessoas que passam por nós. Talvez porque sejam vidas que não fazem diferença.
Para o cristão isso é triste, pois somos chamados por Deus justamente para fazer diferença no mundo. Fiquei então pensando em alguns personagens bíblicos onde seria fácil escrever um epitáfio que espelharia fielmente o que viveram.
Não sabemos muita coisa de Enoque, pois a bíblia lhe reserva poucas palavras acerca de sua biografia; porém houve algo de inusitado na vida daquele homem e esse fato é registrado de forma muito clara – ele andou com Deus. E Deus agradou-se dele e o tomou para si. Certamente seria maravilhoso ser lembrado como “AQUELE QUE ANDOU COM DEUS”.
Davi era general, músico e poeta. Mas no que dizia respeito às mulheres tinha o temperamento de um vulcão em erupção e cometeu alguns deslizes na sua vida sexual. Lutou muito com isso, sofreu, teve filhos problemas que lhe causaram muita dor, desobedeceu algumas vezes ao Senhor… mas havia algo nele que Deus se agradava profundamente – era o seu coração. Talvez nunca houve na bíblia homem que mais conhecesse o coração de Deus e que melhor expressasse adoração, confiança e ternura que o rei Davi. Sem dúvida o velho rei tornou-se conhecido por isso, e nada mais justo que ele fosse reconhecido por todas as gerações como “AQUELE QUE TINHA O CORAÇÃO SEGUNDO DEUS”.
Poderíamos falar de Abraão, como “AQUELE QUE CREU NA PROMESSA DO SENHOR”, de Daniel como “O HOMEM MUITO AMADO” ou de John Wesley:: “AQUI JAZ UM HOMEM DE CORAÇÃO AQUECIDO”.
Mas fico pensando como seremos lembrados pelas pessoas que nos conheceram, que conviveram conosco, que nos viram dominicalmente indo à igreja, que partilharam de nossa vida, de nossa amizade, de nossa confiança… sim, o que diriam essas pessoas de nós?
Imagino que muitos cristãos serão lembrados para o seu “epitáfio” com coisas do tipo – lá se foi “O GRANDE MURMURADOR”, que de tudo reclamava e nada nunca estava bom para ele. Ou ainda – morreu tão novo “AQUELE QUE NÃO CONFIAVA NAS PROMESSAS DE DEUS”, pois ele se achava sempre preterido, se achava incapaz, e que Deus nunca o ouviria. Outros têm um existência tão perturbadora que a ausência deles será sentida como alívio e logo dirão – “AGORA VAMOS VIVER FELIZES”.
Por tudo isso, creio que é importante, enquanto em vida, adquirirmos uma maior consciência do que fazemos e falamos e prestarmos mais atenção do que costumam reclamar de nós, pois talvez ainda haja tempo de corrigir nossa postura e nosso rumo. Que a nossa existência tenha um valor inestimável a todos, para que ao partirmos ao menos digam – “LÁ SE FOI UM HOMEM BOM” ou “ELA ERA UMA MULHER CHEIA DE TERNURA”.
Não espere chegar o final de sua vida para dizer – “devia ter amado mais… perdoado mais… brincado mais… ousado mais…
E o seu epitáfio, qual será?
Pr. Daniel Rocha