“Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça.” (Rm. 6:14)
Umas das coisas mais difíceis de entender nos dias de hoje é essa tal de Graça. Vivemos num mundo selvagem, consumista, capitalista e, sem perceber, somos levados a tratar nosso relacionamento com Deus da mesma forma como somos tratados em nossa sociedade. Isso quer dizer que aprendemos a fazer barganhas com Ele: quanto mais produtividade eu tenho no Reino, mais bênçãos do Pai estarão disponíveis para mim.
O mundo nos cobra produtividade, desempenho e esforço demasiado; esforço tal que às vezes nos deixa doentes. Infelizmente, é perceptível que muitas pessoas em nossas igrejas também estão doentes atrás de sucesso, produtividade e ativismo. Tais pessoas acham que com isso estão agradando a Deus. Quanta bobagem!
Se precisarmos fazer algo para receber a Graça salvadora de Deus, então a Graça não é de graça e, portanto, deixa de ser Graça. Sabemos que a Graça é um favor imerecido, que não tem preço e que não há nada que humanamente possamos fazer para recebê-la. Sabemos? Sabemos, mas não vivemos isso.
Receber a Graça de Deus significa aceitar em primeiro lugar o sacrifício que Cristo realizou por nós na cruz; significa reconhecer que somos, sim, pecadores, mas que nossos pecados foram levados no dia em que Cristo se entregou por mim e por você. Aceitar a Graça é viver uma vida de quebrantamento e confissão de pecados. Viver a Graça significa ver-se livre da culpa e deixar o passado para trás. Significa aprender a ser tolerante com aquele que falhou com você.
A verdadeira Graça nos ensina a sermos perdoadores e nos revela a nossa pequenez e, ao mesmo tempo, nossa grandeza aos olhos de Deus. A Graça nos mostra o quanto somos importantes para Deus, simplesmente por sermos nós mesmos. Será que nunca paramos para pensar que a beleza da criação está em nossas diferenças e no que cada um de nós pode aprender com o outro? Isso sim é Graça, que se manifesta no amor e na própria pessoa de Deus, ao entregar Seu único filho para assumir a condenação que era destinada a mim e a você.
Por que então insistimos em provar para Deus, por meio dos nossos muitos afazeres, que somos merecedores de tal amor? Por que simplesmente não aprendemos a contemplar e a sentir o amor de Deus por nós? Precisamos entender o “ócio santo”, aquele momento em que eu nada preciso fazer para receber a mão abençoadora de Deus sobre mim. Deus nos abençoa porque foi Ele quem escolheu nos amar. Deus zela por nós porque foi Ele quem nos tornou a primazia de sua criação.
Por fim, a Graça só pode ser vivida quando deixamos de tentar fazer algo para recebê-la. Hoje, dia em que celebramos a Ceia do Senhor e rememoramos seu sacrifício e sua ressurreição, não faça nada, não diga nada, apenas ouça a voz do Espírito em seu coração, revelando a você que o Amor do Pai é algo que Ele nos concede gratuitamente, não porque mereçamos, mas porque Ele, em sua soberania, escolheu que fosse assim. Essa é a verdadeira Graça, muitas vezes radical por demais para a entendermos e para a recebermos.
Seja radical você também. Aceite que é grátis e, simplesmente, agradeça!
Pra. Laura Rocha C. Valentin