“levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou” (Lc 15:20).
Que pena que somos ocidentais, pois se fôssemos do Oriente, como eram os personagens da parábola proposta por Jesus, poderíamos abraçar e beijar mais nossos pais, assim como o filho pródigo a seu pai. Contudo, vivemos no Ocidente e, especialmente entre nós, latinos, a masculinidade, que muitas vezes se confunde com machismo e preconceito, é muito valorizada. Contato físico entre dois homens é sempre malvisto e mal interpretado. Cultural e historicamente, convencionou-se que demonstrações privadas ou públicas de afeto e carinho, especialmente físicas, devem ser desempenhadas pela mãe. Em relação ao filho homem, porém, isso tem um “limite”. Na fase entre o final da infância e o início da pré-adolescência, por exemplo, despedir-se da mãe na porta da escola com um beijinho queima o filme de qualquer um. Pior ainda se, por um deslize, o pai der um beijo de despedida no filho. Isso iria pegar muito mal com o pessoal do futebol!
Por isso, mais uma vez eu digo: que pena que somos ocidentais, pois essas convenções sociais e culturais podem nos privar de coisas tão maravilhosas como um abraço, um beijo ou um afago carinhoso do nosso pai.
A parábola do filho pródigo é uma clara metáfora da relação entre a humanidade e o Deus Pai. O ser humano, portador do livre arbítrio, opta por se afastar de Deus. Mas, ao encontrar-se submerso em fracasso, engano e desesperança, frutos do pecado, cai em si, lembra-se de sua filiação e resolve converter-se, refazer seu caminho de volta ao Pai, que o recebe de braços abertos e o acolhe com um carinhoso beijo e um gracioso abraço.
Na parábola, é o pai quem toma a iniciativa de ir ao encontro do filho e demonstrar seu carinho. Mas para muitos pais, talvez por conta de sua criação e formação afetiva, é difícil dar demonstrações físicas concretas de carinho. Muitas vezes, o máximo que eles conseguem dar é um abraço meio distante, com três tapinhas nas costas.
Neste dia especial, fica aqui o convite aos filhos para darem em seus pais um caloroso abraço e também um beijo, carregados, quem sabe, de perdão, admiração, respeito, compreensão e, principalmente, amor.
Aproveite este Dia dos Pais para expressar a graça e o amor do nosso Pai celestial, que nos aceita como somos e como estamos, sem impor condição alguma. Seu único interesse é nos abraçar e beijar carinhosamente, como pai que se compadece de seu filho.
Com carinho e estima paternal,
Pr. Tiago Valentin