Você já teve a impressão, em algum momento da sua vida, de que Deus estava ocupado demais para se importar com você? Por diversas vezes nos sentimos esquecidos e abandonados, lançados à nossa própria sorte. Essa sensação vem quando nossa vida está desajustada, quando perdemos o controle de determinada situação e, principalmente, quando as coisas vão de mal a pior. Então, é inevitável questionarmos: onde está Deus?
Diante de um mundo tão atribulado, cheio de conflitos, contradições e crises, muitas vezes a única coisa que nos sobra e nos conforta é buscar a Deus. Mas aí, quando mais precisamos de Sua presença, parece que Ele foi logo ali e já volta! Esse sentimento equivocado que temos está ligado à nossa ansiedade, ao racionalismo que fazemos da vida e à nossa limitação humana.
Vivemos na era do fast food, em que falamos com um atendente numa janelinha e, cinco minutos depois, nossa comida é entregue na próxima janelinha. Mas no nosso cotidiano não é assim. As coisas importantes da vida dificilmente se resolvem imediatamente e quase sempre não acontecem no nosso tempo. Aí nos corroemos por dentro, porque queremos a solução, a cura, a resposta na próxima janelinha, e não encontramos nada. Passamos a buscar a solução em Deus, que teima em demorar a nos atender. Mas será que Ele está demorando ou nós é que não sabemos esperar por conta da nossa ansiedade? “Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir” (Mt 6:25).
A segunda origem do nosso sentimento equivocado sobre a ausência de Deus é o racionalismo. E aqui é fundamental diferenciarmos racionalismo de racionalidade, pois esta diz respeito à nossa capacidade cognitiva, de entendermos a vida, de literalmente racionalizarmos as coisas; o racionalismo, contudo, diz respeito a um modo de pensar que atribui valor somente à razão, ao pensamento lógico, entendendo-se que por meio da razão encontramos resposta para tudo. Mas sabemos bem que o agir de Deus não está condicionado à lógica ou à razão. Aliás, muitas das coisas que Deus faz em nós ou por meio de nós contradizem a lógica e a razão. Mas quem tem sua mente presa ao racionalismo encontra muita dificuldade de sentir, ver, ouvir e crer em Deus e no seu agir. “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1 Co 15:19).
Por fim, devemos considerar a limitação humana como fonte de impedimento para percebermos Deus em nossa vida. Nossa natureza humana, contaminada pelo pecado, nos afasta progressivamente do centro da vontade de Deus. E aqui vale ressaltar que quem se afasta somos nós, e não Deus. Afinal, se o Senhor se afastasse de nós, seríamos fulminados e consumidos pelo nosso eu rebelde, insubmisso e predisposto ao erro. A nossa salvação, ainda que não consigamos perceber, está no fato de que, “se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também” (Sl 139:8).
A verdade e a revelação da Palavra de Deus é de que “os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons” (Pv 15:3). Ou seja, Deus está olhando por nós, quer nos sintamos ou sejamos bons ou maus. E Ele nos olha não para nos julgar, mas no anseio de nos abençoar, de nos resgatar e, principalmente, de nos salvar. Deus sabe do que precisamos, de quando precisamos e de quanto precisamos. Ele nos conhece melhor do que nós mesmos e Sua ação é efetiva, eficaz, assertiva e pontual.
Deus está olhando por você e, mesmo que você não perceba, não creia ou não entenda, Ele já está agindo em seu favor.
Do amigo e pastor,
Rev. Tiago Valentin