A Trindade é um dos conceitos teológicos que classificamos como mistério da fé, ou seja, algo que não temos a capacidade de racionalizar com totalidade. Compreendemos até certa medida, mas chega um ponto em que nos é exigido apenas crer para continuar a compreender.
Como entender algo tão complexo, intrincado e misterioso como a Trindade? Uma unidade divina que é formada por três pessoas distintas, mas que são indivisíveis. Um Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo. Podemos inclusive fazer uma analogia da Trindade com a família. Temos a presença do Pai, do Filho e, para muitos teólogos, o Espírito Santo seria o lado feminino dessa divindade, o Deus Mãe.
Ao revelar o caráter de Deus, a Bíblia nos ensina muito sobre a relação do Pai com Seus filhos e filhas. Ainda no Éden, percebemos a forma como esse Pai Se relaciona com Seus filhos. Em Gênesis 3:8, lemos que todos os dias o Pai ia ao fim da tarde ter um tempo com Seu filho e Sua filha. Essa atitude é reveladora. Mesmo sendo Ele um ser tão grandioso e supremo, encontrava “espaço” em Sua agenda para dedicar-se a Seus filhos. Ou seja, Deus Pai não negligenciava nem terceirizava o cuidado com Seus filhos. Pelo contrário, estar com eles era tão importante que o Pai fazia isso todos os dias.
Isso nos faz pensar: nós pais temos dedicado a atenção de que nossos filhos precisam e merecem? Repito: dentre tantas preocupações que o Pai tinha, Ele não abria mão de estar com Seus filhos. Mas e nós pais, damos valor ao tempo que dedicamos a nossos filhos, brincando, dando carinho e participando da vida deles? Muitos acabam se equivocando ao abrir mão de um tempo de qualidade com seus filhos para trabalhar todos os dias até mais tarde, nunca tirar férias ou priorizar as coisas, e não as pessoas. E o incrível é que muitos pais fazem isso pensando nos filhos, para lhes dar uma condição melhor ou melhores oportunidades. Não questiono essa boa intenção, mas vale pensar o que realmente faz diferença na vida dos nossos filhos. Há muitos estudos no campo da psicologia que demonstram a importância da presença paterna na vida dos filhos.
Vale ressaltar que o Pai não Se encontrava com crianças no fim do dia; o relato bíblico da criação nos dá a convicção de que Adão e Eva eram adultos, e já foram criados assim pelo Pai. Portanto, no fim do dia o Pai não ia ao jardim para brincar de esconde-esconde. Até poderia fazer isso, mas por certo o Pai Se sentava na relva de uma campina com Adão e Eva e com eles observava o pôr do sol, travando ali um gostoso e prolongado diálogo. Talvez não importasse muito o teor das conversas; o mais importante é que Aquele Pai entendia que, mesmo Seus filhos sendo adultos, precisavam de Sua atenção e dedicação.
Entendo que vivemos num contexto de vida opressor e que desenvolvemos um ritmo de vida muito perigoso, pois somos tentados o tempo todo a colocar a família em segundo plano, a desconsiderar a importância de estar com nossos filhos. Portanto, precisamos olhar para o exemplo do Pai e aprender com Ele. Temos que, de maneira corajosa e convicta, romper com o sistema e viver a partir da lógica do Reino de Deus, o Pai.
Que o Pai continue a nos visitar por meio do Seu Espírito, para nos moldar e ensinar a amar nossos filhos como Ele ama os d’Ele.
Do amigo e pastor,
Tiago Valentin