Para uns, Deus é uma força cósmica, uma energia poderosa que emana suas radiações dos confins do Universo. Para outros, Deus criou o mundo, mas hoje está meio inoperante por não ter impedido que coisas ruins ocorressem, como o Holocausto, o 11 de setembro e a tsunami na Ásia. Ainda para alguns, Deus é um ser castrador que inventou regras e proibições para impedir que gozemos tudo o que há de bom na vida. Já em outro extremo, há os que vêm Nele um “deus tão bonzinho”, que lá no Antigo Testamento foi severo, mas agora se arrependeu.
As pessoas estão em busca de uma espiritualidade – qualquer uma – para fruir bênçãos e benesses, porém nem sempre desejam a Ele. Em primeiro lugar, o povo busca sensações prazerosas. Por isso a avaliação que fazem de nossos cultos sempre se dá no campo estético ou ainda no campo da sensação: “senti uma coisa gostosa ali”. Sem dúvida que a presença divina pode proporcionar isso, mas um verdadeiro encontro com o Eterno não fica só na sensação: a vida inteira é tocada.
É duvidoso afirmar que a maioria das pessoas que procuram uma instituição religiosa ou o auxílio de um pastor, esteja de fato buscando um Deus para que Ele reine em suas vidas. Não! Desde que alguns de seus problemas sejam atendidos, isso já basta. Experimente-se num espaço de grande aglomeração de fé alterar o cardápio que será oferecido à multidão, e ao invés de uma “noite de milagres” promova-se ali um estudo profundo da Epístola de Tiago e uma palestra com o tema “Santidade ao Senhor”, e constataremos que todo interesse desaparecerá. Não, não é a Deus que buscam. Em outras palavras: o homem que segue a Cristo por uma razão falsa ou errada está iludindo a si mesmo e enganando a Igreja, pois quem os observa presume que este iludido seja um cristão. E não é! (Lloyd-Jones).
Na verdade, poucos querem Deus, pois Deus incomoda. Ele nunca nos dá nenhuma certeza, a não ser Suas promessas escritas num livro com mais de dois mil anos. Não há apólices, contratos ou qualquer outra segurança que seja visível ou palpável. Deus incomoda porque esperamos que Ele resolva nossos problemas de caráter e vícios de forma rápida e indolor. Mas Ele insiste num “programa de recuperação” lenta e gradual.
As pessoas não se sentem confortáveis com Deus em suas vidas. Elas preferem algo menos temível, como por exemplo, serem simpatizantes da fé e freqüentadoras dos cultos. Por quê? Simples: Deus incomoda, perscruta, atinge, confronta nossos valores, provoca crise, altera nossa rotina, retira todas as nossas seguranças, pede que eu me esvazie, e me envia sem me dar nenhuma garantia, a não ser Sua Palavra…
Definitivamente, é perigoso envolver-se com Deus. Mas se você não o fizer nunca saberá o que Ele tem preparado para sua vida, nunca saberá o que é ser resgatado, perdoado, amado, e nunca conhecerá os tesouros que Ele só revela aos que Lhe são íntimos.
Pr. Daniel Rocha