No dia 7 de setembro, lembramos os 195 anos de um episódio que marcou a história da nossa nação: o chamado Dia da Independência, data em que, simbolicamente, o príncipe regente Dom Pedro declarou a independência do Brasil em relação à sua metrópole, Portugal. Sabemos que há muitas nuances nesse fato histórico, que a coisa não foi bem assim e que até mesmo a famosa obra de Pedro Américo intitulada O Grito do Ipiranga, a qual retrata o episódio às margens do famoso riacho, é uma interpretação muito particular do artista, pois o fato em si não teria sido tão portentoso como foi pintado.
Trazendo mais para o nosso contexto, também neste início de setembro rememoramos o dia em que a Igreja Metodista no Brasil oficializou seu pedido de autonomia em relação à Igreja Metodista Unida dos Estados Unidos da América. A partir de 2 de setembro de 1930, nossa igreja no Brasil passou a ser independente na sua administração, embora tenha permanecido por alguns anos subordinada financeiramente à igreja mãe, ainda que de forma parcial.
Parece-nos que o movimento natural dos povos e das organizações é o de lutar por sua independência. Assim é também com as pessoas, sempre buscando não depender de nada nem de ninguém.
A autonomia integral e completa é, de fato, sinônimo de sucesso, de realização, uma verdadeira conquista. Entretanto, do ponto de vista espiritual, Deus fez tudo para que nós dependêssemos de Sua graça. No contexto messiânico, optar pela independência seria dizer para Deus que a humanidade poderia viver sem Sua misericórdia, sem Seu perdão, sem Sua graça. Ou seja, a liberdade estava na morte e em viver totalmente na dependência de Deus. Por isso, Jesus escolheu a morte, pois era o único caminho que poderia levar à vida.
A irônica coroação de Jesus realizada pelos guardas romanos horas antes da Sua crucificação seria profundamente ofuscada pela coroa de glória que Deus conferiu a Ele três dias depois de Sua morte, quando ressuscitou dentre os mortos, concedendo a toda a Criação a possibilidade de se recolocar na total dependência da graça de Deus.
À medida que nos voltamos para Deus e desejamos depender d’Ele, nós nos tornamos também codependentes uns dos outros, pois a graça e o amor de Deus se manifestam também na vida do próximo. Depender de Deus é reconhecer que, sem estarmos ligados à videira, nada podemos fazer.
Somos levados por uma série de fatores a viver e demonstrar que somos independentes. Em certa medida, a independência é salutar, pois nos amadurece e nos ajuda a reconhecer nossas potencialidades e limitações. Mas, quando essa independência se transforma em autossuficiência, certamente estaremos em discordância com aquilo que Jesus nos concede e propõe por meio do Seu sacrifício.
Talvez, em alguns aspectos da vida, ser independente e autônomo possa de fato refletir nossa maturidade, desenvolvimento pessoal, profissional e relacional. Contudo, se quisermos viver independentes da Fonte da Vida, toda nossa suposta autonomia se transformará numa morte lenta, silenciosa e solitária.
Depender de Deus é reconhecer que não podemos nada sem Ele, que não somos nada sem Ele e que não sabemos de nada sem Ele!
Do amigo e pastor,
Rev. Tiago Valentin