“Caminhando junto ao mar da Galileia, [Jesus] viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, que lançavam as redes ao mar” (Mt 4:18).
Enquanto Jesus andava próximo ao mar da Galileia, avistou homens trabalhadores, que viviam um momento comum de suas vidas. Estavam no trabalho e provavelmente também estavam passando por conflitos, ansiedades, alegrias, esperanças e tantas outras coisas que todos vivenciamos. Na verdade, quando Jesus os viu pela primeira vez, não percebeu em nenhum deles alguma qualidade que fosse extraordinária aos olhos humanos; pelo contrário, muitas pessoas passavam por ali diariamente e, com certeza, aqueles pescadores nunca chamaram a atenção de ninguém de forma significativa, a não ser para negociar questões referentes à pesca.
E nós, mais uma vez, nos assemelhamos àqueles pescadores: no nosso cotidiano, não somos frequentemente percebidos por nossas qualidades, mas fortemente notados por nossas falhas, defeitos e limitações.
O interessante é que Jesus olhou para os pescadores e, com certeza, visualizou o que o Espírito Santo poderia fazer por eles e por meio deles. O Mestre viu o que ninguém jamais perceberia. E esse olhar continua sendo o mesmo. Jesus olha para nós e vê o que ninguém pode ver. Ele percebe quão grande pode ser o agir de Deus em nós e por meio de nós, mesmo que sejamos desacreditados por alguém! O Senhor nos vê como viu aqueles homens – no cotidiano de nossas vidas, quando ninguém nos percebe. Esse é o momento em que Seu olhar de amor se volta para nós.
Quando conseguimos contemplar o olhar do Senhor sobre nós, que vê além do que somos, estar ao lado d’Ele torna-se irresistível! Fica impossível negar o Seu chamado e daí vem a nossa resposta: uma caminhada lado a lado com Ele, seguindo Seus passos, fazendo o que Ele faria, imitando‑O, obedecendo Sua palavra, indo ao encontro daqueles que só Ele vê – os rejeitados pela sociedade, os excluídos do convívio social, os despercebidos…
O texto de Lucas 8:1–2 diz: “Aconteceu, depois disto, que andava Jesus de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus, e os doze iam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades”. Esse relato mostra o resultado da caminhada daqueles pescadores junto a Jesus. Eles permaneceram caminhando com o Mestre e olhando para os que eram destituídos de valor, como aquelas mulheres enfermas e endemoniadas. Elas perceberam o olhar de amor de Jesus para com elas e também não resistiram e O seguiram!
Ser discípulo de Jesus é compreender o olhar de amor que Ele tem para conosco; é perceber que só Ele sabe quem podemos ser e o quanto podemos nos tornar bênção; é caminhar com Ele e seguir Seus passos no nosso cotidiano – no trabalho, na escola, em casa, na rua, no cinema, na igreja, ou seja, todo o tempo e em todos os lugares; é olhar com amor e esperança para aqueles aos quais ninguém dá valor e levá-los para junto do Mestre.
Enfim, essa é a nossa caminhada enquanto cristãos e discípulos de Jesus Cristo: estar com Ele independentemente do que acham de nós. É preciso apenas que vejam em nós o mesmo olhar de amor que nos conquistou um dia, quando ouvimos a voz de Jesus nos chamando, e que sejamos totalmente semelhantes a Ele no pensar, no falar, no agir e no amor ao próximo.
Quem está ao nosso lado que ainda não enxergamos? Vamos olhar com maior atenção para aqueles que estão dentro de nossas casas, na escola, no trabalho, no trânsito, nas praças, e lembrar que o olhar de Jesus continua sobre nós, confiante naquilo que Ele poderá realizar por meio das nossas vidas, pois Cristo nos revela o que somos para Ele: pescadores de homens!
Seminarista Michelly Silva