Para minha surpresa, quando comecei a buscar informações para escrever esta pastoral, eu me deparei com a seguinte definição para a palavra “ansiedade”: “Comoção aflitiva do espírito que receia que uma coisa suceda ou não”. De acordo com essa definição, do dicionário virtual Priberam, ansiedade é um sentimento ou sensação de incerteza sobre algum assunto que tem sua origem no espírito das pessoas. Portanto, segundo a definição, a ansiedade seria um mal espiritual!
É interessante perceber que a ansiedade é um tema do interesse de Jesus. Em Mateus 6, no contexto do Sermão do Monte, Ele aborda o tema num tom exortativo. Jesus inicia esse trecho de maneira imperativa e na negativa: “Não andeis ansiosos”. Podemos dizer, com grande margem de segurança, que a ansiedade não era algo aprovado por Jesus. Isso porque a ansiedade é um problema espiritual, um sintoma de alguém que não está com sua espiritualidade fortalecida, um sintoma de falta de fé.
Podemos constatar que a definição de fé, em Hebreus, é praticamente o exato oposto da definição do que é a ansiedade: “A fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem” (Hb 11:1). Se o princípio da ansiedade é a incerteza, o da fé é a certeza.
Há diferentes níveis de ansiedade. Há, inclusive, a possibilidade de essa ansiedade desencadear uma patologia. É preciso também diferenciar expectativa de ansiedade. A expectativa gera um sentimento de espera e desejo por algo, mas que não é capaz de impedir alguém de caminhar. A ansiedade, ao contrário, prejudica a capacidade de viver o hoje, de desfrutar o momento presente. A espera pelo que está por vir consome as emoções e impede a pessoa de viver em paz.
Jesus desejava que seus discípulos não fossem ansiosos por um simples motivo: Deus, o Pai, cuidaria de cada uma de suas necessidades; caberia a seus seguidores apenas crer, ter fé no cuidado e na provisão divina. A maior arma contra a ansiedade, portanto, é o exercício da fé. Podemos fazer uso de muitos recursos para combater a ansiedade, como a terapia, a prática de exercícios físicos, buscar ter uma vida mais tranquila, mas nada se compara a aprender a confiar em Deus.
Para lutar contra a ansiedade, precisamos melhorar nosso relacionamento com Deus, aprender a confiar n’Ele e em Seu poder. E isso deve acontecer diariamente. Devemos confiar no que diz a Palavra: “Agindo eu, quem o impedirá? Assim diz o Senhor, o que vos redime, o Santo de Israel” (Is 43:13–14).
Jesus sinaliza um caminho que pode nos livrar das ansiedades desta vida e esse caminho é priorizarmos o Reino de Deus e sua justiça (Mt 6:33). Quando deixamos Deus assumir o controle de nossa vida e dos desafios relacionados a ela, ocupamos nosso tempo, nossos sentimentos e pensamentos com a obra de Deus. Não estamos propondo aqui uma postura de irresponsabilidade diante da vida, mas sim um realinhamento de prioridades. Se a nossa prioridade é o Reino, nossas necessidades ficam em segundo plano e assim nos libertamos da ansiedade.
Que possamos exercitar nossa fé para que toda a ansiedade que venha a nos acometer seja controlada e amenizada pela confiança que temos no Senhor. Melhor do que combater a ansiedade é fortalecer nossa fé e nos comprometermos com o Reino de Deus. Assim, todas as demais coisas nos serão acrescentadas.
Comprometido com o Reino,
Pr. Tiago Valentin