Durante as últimas semanas, temos visto um festival de horrores na política nacional. O escândalo mais recente é o processo de cassação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. O contravertido deputado compõe a bancada BBB (Boi, Bala e Bíblia) na Câmara Federal; essa bancada foi apelidada assim por ser composta por deputados(as) ligados(as) à indústria da pecuária, militares do exército e delegados da polícia , e supostos evangélicos .
Não sei você, mas eu fico muito, muito envergonhado por ser chamado de evangélico por conta da minha prática religiosa, pois, para a mídia, todo evangélico pertence a esse grupo, e o que nos resta é a vergonha alheia. Deputados(as) evangélicos(as) estarem associados a parlamentares que historicamente são conhecidos como retrógrados, legalistas, machistas, sexistas e violentos, definitivamente me causa constrangimento.
Diante desse cenário, nos perguntamos: evangélicos devem assumir cargos políticos? A princípio deveríamos responder que sim, pois quem é evangélico acredita em um Evangelho de paz, justiça e alegria, e certamente pessoas com esse tipo de crença poderiam testemunhar de maneira concreta e efetiva no plenário. Por meio de suas escolhas, decisões, encaminhamentos, articulações e propostas no cenário político, contribuiriam para que a nação fosse pacificada, para que houvesse justiça e igualdade, e principalmente para que o povo pudesse ter esperança de uma vida melhor e alegria de viver por aqui.
Contudo, o que vemos são recorrentes escândalos envolvendo a bancada BBB, inclusive e principalmente os chamados evangélicos que estão no poder. Como é triste ouvir o noticiário relatando que, por exemplo, o deputado “pastor” Fulano de Tal foi acusado de desvio de verba. Aqueles que deveriam com suas atitudes sinalizar a Boa Nova causam vergonha e constrangimentos para tantos outros que levam a sério o título de embaixadores do Evangelho. E o que será que Deus pensa disso tudo?
Deus enviou seu Filho em um momento histórico muito dramático; era um tempo de muita opressão e de uma implacável injustiça imposta pelo Império Romano. Por conta dos altíssimos encargos, o povo era cada vez mais oprimido; além disso, a liberdade era restrita, ou seja, o cenário era o pior possível, e a fé era a única forma do povo continuar alimentando uma esperança por mudança.
Mas o templo, que era o ponto de contato entre o povo e seu Deus, havia se “vendido” ao romanos. Os sacerdotes, em acordo com o Império, faziam uso da religião para oprimir ainda mais o povo, em troca de favores e privilégios. Aqueles que deveriam defender o povo e lhe dar esperança agiam com tirania.
Quando Jesus passou seus últimos dias de vida em Jerusalém, Ele fez questão de ir ao templo e protestar, demonstrando toda sua indignação com o que os sacerdotes haviam feito com a fé das pessoas e a casa de seu Pai (Mt 21:12–13). Creio que nós, enquanto cristãos, não podemos aceitar com passividade que pessoas que dizem ter a mesma fé que nós, mas que não demonstram isso com suas atitudes, digam que representam os evangélicos na política nacional.
O que fazer? Primeiro, sermos coerentes com nosso discurso e prática; segundo, não admitirmos que essas pessoas nos representem; e, terceiro e mais importante, nunca votarmos nessas pessoas.
Do amigo e pastor,
Pr. Tiago Valentin