No final desta semana, celebraremos mais uma vez a Reforma Protestante, um movimento cristão liderado pelo monge católico Martinho Lutero, que se colocou contra diversos pontos doutrinários da Igreja Católica Apostólica Romana e sugeriu uma série de alterações. No dia 31 de outubro de 1517, Lutero publicou suas famosas 95 teses, propondo a reforma da Igreja. Por essa razão, a data ficou marcada como o Dia da Reforma.
Dentre os muitos princípios que decorreram da Reforma, merece especial atenção a frase “Igreja Reformada, sempre se reformando”, do pastor calvinista holandês Gisbertus Voetius, que nos leva a uma séria e profunda reflexão. Considerando que a Igreja não é um projeto divino finalizado, mas que está e deve estar sempre se reformulando, adaptando-se e discernindo seu tempo, entendemos que essa reforma é constante, forçando a Igreja a manter seu foco, que é o de sinalizar, da maneira mais concreta e abrangente, o Reino de Deus, que promove paz, justiça e alegria para todos e todas.
Vale ressaltar que outros personagens também contribuíram para a Reforma, mas, seguramente, a principal figura é Lutero. Isso talvez tenha ocorrido pelo fato de a Reforma ter começado primeiro no coração e na mente dele!
Por volta de 1505, Lutero ingressou na vida acadêmica e ali alcançou grande destaque, especialmente na área de estudo em que se especializou: a Bíblia. E esse foi, sem dúvida, o meio pelo qual Deus o despertou em relação aos erros cometidos pela Igreja. Quando decidiu traduzir a Bíblia para a língua alemã, e assim torná-la acessível ao povo, Lutero mergulhou com tal profundidade no estudo das Escrituras que a verdade lhe foi revelada e ele foi liberto das amarras sufocantes e opressoras da religiosidade romana.
Podemos afirmar que, ao estudar a Bíblia, Lutero descobriu e entendeu o que era o cristianismo de verdade. Ousaríamos dizer que foi aí que ele se converteu. Por isso, entendemos que a Reforma se iniciou no coração de Lutero, alterando profundamente e definitivamente seus valores, sua visão e sua fé.
Emprestando novamente a frase de Voetius – somada ao entendimento do apóstolo Paulo de que a Igreja somos nós, e não exatamente a construção, o templo que abriga nossos cultos – e adicionando a experiência de Lutero, podemos afirmar que, uma vez convertidos, precisamos continuar nos convertendo sempre. Se, de fato, somos a Igreja e a queremos cada vez mais forte, vibrante e condizente com a vontade de Deus, devemos, por meio da Sua Palavra, permitir que Ele nos molde dia a dia.
A Igreja de Cristo precisa constantemente voltar o olhar para si mesma e autoavaliar-se com a intensão de verificar se a sua atuação e especialmente o modelo organizacional que estrutura essa atuação no mundo estão alinhados ao clamor e às demandas do povo. O próprio fundador do movimento metodista, John Wesley, baseou-se nesse princípio reformador ao declarar que Deus havia levantado o movimento para “reformar a nação, particularmente a Igreja, e espalhar a santidade bíblica por toda a terra”.
Sem dúvida, a Igreja Cristã, especialmente a igreja evangélica brasileira, precisa de profundas reformas. Mas essas mudanças só acontecerão quando nós, que fazemos e somos a Igreja de verdade, nos permitirmos ser reformados.
Que possamos nos converter todos os dias à vontade do Senhor para que, assim, a Igreja continue sendo, aqui na terra, um vislumbre do que é o céu!
Do amigo e pastor,
Tiago Valentin