Igreja: duas cabeças pensam melhor que uma?

Ele é a cabe­ça do cor­po, da igre­ja. Ele é o prin­cí­pio, o pri­mo­gê­ni­to de entre os mor­tos, para em todas as coi­sas ter a pri­ma­zia, por­que aprou­ve a Deus que, n’Ele, resi­dis­se toda a ple­ni­tu­de” (Colos­sen­ses 1:18–19).

Jesus Cris­to, o cabe­ça da Igreja

A cul­tu­ra mol­da nos­sa for­ma de falar e nos­sa manei­ra de viver e de enten­der as coi­sas, inclu­si­ve a igre­ja. E isso tem inter­fe­ri­do dire­ta­men­te no nos­so jei­to de ser igre­ja e com­pre­en­der o que é isso. Pois, por viver­mos em uma igre­ja que ins­ti­tu­ci­o­nal­men­te, no seu modo de ser igre­ja epis­co­pal e con­ci­li­ar, nos per­mi­te pen­sar e dei­xar pen­sar. De for­ma total­men­te demo­crá­ti­ca, cada mem­bro des­ta igre­ja tem voz e voto, e esse é um dos aspec­tos mais lin­dos e mara­vi­lho­sos do jei­to de nós meto­dis­tas ser­mos igreja.

Só que fre­quen­te­men­te mis­tu­ra­mos mui­tas coi­sas no nos­so modo de ser e de viver a igre­ja. Isso se deve à nos­sa liber­da­de como mem­bros e tam­bém ao fato de a cul­tu­ra nos ditar regras con­ti­nu­a­men­te, por­que mui­tas vezes temos a ideia de que a igre­ja deve ser como pen­sa­mos ou pla­ne­ja­mos que ela seja, pois, afi­nal de con­tas, duas, três ou mais cabe­ças pen­sam melhor do que uma. E, gra­ças a Deus, temos docu­men­tos, pla­ne­ja­men­tos e mui­tos dire­ci­o­na­men­tos de como deve­mos ser e agir como Igre­ja Meto­dis­ta. Isso nos orga­ni­za e nos estabiliza.

Mas não me refi­ro ape­nas a ser Igre­ja Meto­dis­ta, e sim a ser Igre­ja de Cris­to, pois, como meto­dis­tas, somos ape­nas uma par­te des­ta Igre­ja cha­ma­da de cor­po de Cris­to. Somos ape­nas uma par­te da igre­ja limi­tan­te que em bre­ve fará par­te da Igre­ja triun­fan­te em todo o pla­ne­ta. Somos mais uma pla­ca, mais uma deno­mi­na­ção, mais uma orga­ni­za­ção entre milha­res, com dou­tri­nas, cos­tu­mes e teo­lo­gia dife­ren­tes, mas que pode­mos dizer que são o cor­po de Cristo.

Por isso, embo­ra nos­sa Igre­ja Meto­dis­ta tenha mui­tas cabe­ças pen­san­tes em todas as suas áre­as e seja a mais demo­crá­ti­ca pos­sí­vel, tan­to no âmbi­to local quan­to no regi­o­nal e no mun­di­al, para ela o Cabe­ça da Igre­ja, o dono da Igre­ja não é o pas­tor, nem os bis­pos, nem o mem­bro mais anti­go, nem aque­le que sabe mais, nem aque­le que pode mais ou que tem mai­or influên­cia den­tro da ins­ti­tui­ção. Por­que a Igre­ja não é orga­ni­za­da por meio da união de cabe­ças pen­san­tes, e sim pela sub­mis­são dos pen­sa­men­tos diver­gen­tes ao Cabe­ça, que é Cris­to, bus­can­do a con­ver­gên­cia. Na igre­ja, não se apli­ca o dito popu­lar de que duas cabe­ças pen­sam melhor do que uma; na igre­ja, uma cabe­ça, que é Cris­to, pen­sa melhor do que todas as outras, pois os pen­sa­men­tos d’Ele são mais altos do que os nos­sos e os Seus cami­nhos melho­res do que os nos­sos (cf. Is 55:8–9). Assim, não pode o cor­po dizer à cabe­ça o que fazer se é ela que dita os coman­dos ao cor­po. Não pode­mos achar que sabe­mos mais do que Cris­to o que é o melhor para a Sua Igre­ja, para o Seu cor­po, pois não sabe­mos. Para bus­car­mos esse enten­di­men­to, é pre­ci­so que con­sul­te­mos a Sua Pala­vra e nos sub­me­ta­mos ao Seu senhorio.

É pos­sí­vel ser­mos uma igre­ja sem Cris­to? Assim como mui­tas sei­tas que se dizem igre­jas, mui­tas reli­giões orga­ni­za­das e estru­tu­ra­das que têm Jesus ape­nas como um pro­fe­ta, é pos­sí­vel fazer­mos mui­ta coi­sa em nome d’Ele, mas não segun­do a Sua von­ta­de, o Seu Espí­ri­to e a Sua ver­da­de! Na Igre­ja de Cris­to, não pode­mos fazer o que que­re­mos, e sim o que Ele quer; não deve­mos pin­tar e bor­dar, e sim nos sub­me­ter à Sua auto­ri­da­de. Esta­mos assen­ta­dos com Ele, mas não temos cadei­ra cati­va. Deve­mos amar e ser­vir a igre­ja, dan­do, se neces­sá­rio, nos­sa pró­pria vida por ela, por­que o Cabe­ça fez isso e nos ensi­nou des­se modo (Ef 5:29–32).

A Igre­ja não é fei­ta de opi­niões alhei­as nem de pen­sa­men­tos par­ti­cu­la­res, mas sim da uni­da­de em meio a toda diver­si­da­de, uni­da­de essa que tem como lugar-comum os pen­sa­men­tos de Cris­to, a opi­nião de Cris­to, o amor de Cris­to por nós e o nos­so por Ele.

Cris­to é o iní­cio e o fim de tudo, Aque­le que está em tudo e em todos, Aque­le em quem pode­mos cres­cer em todos os aspec­tos: o Cabeça!

Rev. Isra­el A. Rocha

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