Cuidado com os recém-nascidos!

Lendo Atos dos Após­to­los e as car­tas pau­li­nas, vemos cla­ra­men­te a con­ti­nui­da­de do prin­cí­pio do dis­ci­pu­la­do difun­di­do por Jesus. Isso por­que Pau­lo tam­bém foi dis­ci­pu­la­do e con­so­li­da­do na fé em Cris­to. Após a sua con­ver­são, ele foi edu­ca­do e pre­pa­ra­do para a obra que iria realizar.

No seu minis­té­rio, Pau­lo apli­cou o prin­cí­pio do dis­ci­pu­la­do. Ele fez dis­cí­pu­los, con­vi­veu com eles, ins­truiu-os, capa­ci­tou-os, deu-lhes res­pon­sa­bi­li­da­des, dele­gou-lhes atri­bui­ções e os super­vi­si­o­nou. Exem­plos cla­ros de dis­cí­pu­los de Pau­lo são Timó­teo, Sil­va­no, Tito, Tíqui­co, Lídia, Pris­ci­la, Euni­ce, Oné­si­mo e tan­tos outros que se con­so­li­da­ram no seu minis­té­rio. Alguns são nomes bem conhe­ci­dos, outros ape­nas cita­dos, mas todos são exem­plos bem ilus­tra­ti­vos da apli­ca­ção des­se prin­cí­pio desen­vol­vi­do pelo após­to­lo. Aqui­lo que eles ouvi­ram, viram, rece­be­ram e apren­de­ram deve­ri­am pra­ti­car. O dis­cí­pu­lo é um segui­dor do mes­tre. Para com­ple­tar, Pau­lo assu­miu uma gran­de e desa­fi­a­do­ra res­pon­sa­bi­li­da­de quan­do ape­lou àque­les que com ele cami­nha­vam para que fos­sem seus imi­ta­do­res como Ele era de Cristo.

O Após­to­lo Pau­lo ganhou mui­tas almas para Cris­to, mas isso foi resul­ta­do de um gran­de esfor­ço, pelo qual, em mui­tas oca­siões, ele teve de gemer, der­ra­mar lágri­mas e até expe­ri­men­tar “as dores de par­to” para que aque­las pes­so­as nas­ces­sem ver­da­dei­ra­men­te para uma nova vida: “meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de par­to, até ser Cris­to for­ma­do em vós” (Gl 4:19).

O Após­to­lo Pau­lo tinha como meta fazer com que cada recém-con­ver­ti­do alcan­ças­se a ple­ni­tu­de da esta­tu­ra de Cris­to, uma vida de pro­fun­da comu­nhão e inti­mi­da­de com Deus, uma vida fir­ma­da, con­so­li­da­da na fé cris­tã, um ver­da­dei­ro dis­cí­pu­lo de Cristo.

Con­so­li­da­ção” vem do ver­bo “con­so­li­dar”, que sig­ni­fi­ca sus­ten­tar, fir­mar, for­ta­le­cer, tor­nar sóli­do, segu­ro ou está­vel. É o pro­ces­so de cui­dar, de dis­pen­sar aten­ção ao novo con­ver­ti­do até que ele tenha con­di­ções de cami­nhar por suas pró­pri­as deci­sões, fir­ma­das no que apren­deu e viven­ci­ou sobre Jesus. A con­so­li­da­ção é um pro­ces­so que impli­ca tem­po e con­cen­tra­ção e varia segun­do cada pes­soa. Só con­so­li­da quem se impor­ta com vidas.

Creio que nos­sa comu­ni­da­de ain­da pre­ci­sa avan­çar mui­to nes­se aspec­to. Por vezes somos iden­ti­fi­ca­dos como uma igre­ja que aco­lhe mui­to bem a quem se ache­ga, mas peca na con­ti­nui­da­de des­se aco­lhi­men­to, que seria a consolidação.

Para expli­car isso melhor, gos­to de usar o exem­plo de um bebê que che­ga a uma famí­lia. Em geral, um filho é mui­to aguar­da­do, dese­ja­do e, por isso, a famí­lia se pre­pa­ra para rece­bê-lo, mon­ta um lin­do enxo­val e arru­ma um quar­ti­nho ou um can­ti­nho só para ele. Na sua che­ga­da, a ale­gria é imen­su­rá­vel. Mas ima­gi­nem se, ao levá-lo para casa, os pais do bebê o colo­cas­sem den­tro do ber­ço e, jun­to com ele, um paco­te de fral­das des­car­tá­veis, latas de lei­te em pó, algu­mas rou­pi­nhas, e dis­ses­sem: “Seja mui­to bem-vin­do, filho ama­do! Todas as coi­sas de que você pre­ci­sa estão aí. Ago­ra, se vire!”. Dei­xar que um recém-nas­ci­do cui­de de si mes­mo é, obvi­a­men­te, algo impos­sí­vel. Mas é exa­ta­men­te o que faze­mos na igre­ja, na gran­de mai­o­ria das vezes, quan­do dei­xa­mos os “recém-nas­ci­dos” se vira­rem sozinhos.

Uma igre­ja que cami­nha base­a­da na prá­ti­ca do dis­ci­pu­la­do e se pre­o­cu­pa em con­so­li­dar os recém-con­ver­ti­dos gera envol­vi­men­to pes­so­al, abran­gen­do a mai­o­ria das pes­so­as que par­ti­ci­pam da comu­ni­da­de local. Esse con­ta­to pes­so­al pos­si­bi­li­ta mai­or con­vi­vên­cia e evi­ta a des­per­so­na­li­za­ção. O ano­ni­ma­to desa­pa­re­ce. Além dis­so, cada um dos mem­bros da igre­ja exer­ce a fun­ção de poi­me­ne, ter­mo que em gre­go quer dizer cui­da­dor, aju­da­dor, dis­ci­pu­la­dor, con­so­li­da­dor, uma pes­soa que enten­de seu papel e sua res­pon­sa­bi­li­da­de de cui­dar de alguém que é ima­tu­ro na fé ou que ain­da não conhe­ce a Cris­to e levá-lo a per­cor­rer o cami­nho da salvação.

Do ami­go e pastor,

Pr Tiago Valentim

Rev. Tia­go Valentin

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